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Para muitos, não foi uma grande surpresa a consagração de Davi como campeão do Big Brother Brasil 24, levando o prêmio de R$ 2,92 milhões.
O baiano de 21 anos, que antes do confinamento trabalhava como motorista de aplicativo, conquistou o favoritismo do público logo no primeiro mês do programa.
Mas isso pouco importou. Até que a atração chegasse ao fim, as torcidas (tanto a favorável quanto a contrária ao rapaz) não deram o jogo como ganho — e jamais esmoreceram nas redes sociais.
O sucesso da 24ª edição do reality show atesta a força deste gênero, de envergadura folhetinesca, num país aficionado por novelas.
O resultado é parecido com o que as novelas provocam : mesmo que saiba ou intua o que acontecerá no último capítulo da história, lá está o espectador grudado na tela.
Pois bem, os três últimos meses foram marcados por esse novelão. E mesmo quem não acompanhou a exibição diária do programa não ficou imune a ele.
No X, 43 termos relacionados ao reality show ocuparam, em média, e diariamente — de janeiro a abril — o ranking dos assuntos mais comentados.
Em nível internacional, 11 palavras associadas ao programa alcançaram, também todos os dias, a lista de vocábulos mais digitados. Está aí um recorde. A grande final marcou 27 pontos de audiência em São Paulo — e superou o que havia sido alcançado nas finais das duas últimas edições.
— O principal ingrediente para o sucesso deste gênero chamado reality show no país é o brasileiro. Tanto na maneira de consumir, como na maneira de produzir, somos diferentes. Muitas coisas criadas no BBB são replicadas em outras versões do programa no mundo. A criatividade e o desejo de renovação são leis a cada temporada — comenta Rodrigo Dourado, diretor artístico do BBB.
Dados do Kantar Ibope, empresa responsável pela medição da audiência da TV aberta no Brasil, apontam que oito em cada dez domicílios com aparelhos televisivos assistiram, entre janeiro e abril deste ano, ao Big Brother Brasil 24.
Os números não incluem, porém, quem deu espiadinhas no programa por meio do Globoplay ou das redes sociais, em plataformas como o X e o Instagram, tomadas por uma enxurrada de recortes de vídeos e memes ligados ao reality show.
De 2002 para cá, o mais longevo programa do gênero no país vem sofisticando o que teóricos definem como “cultura da convergência”, expressão cunhada pelo comunicólogo e pesquisador americano Henry Jenkins.
À medida que a importância das decisões do público nas definições do jogo são aprimoradas, “realidade” e “show” — ou “mundo real” e “mundo confinado” — vão ficando cada vez mais imbrincados. E é isso o que torna o jogo tão atraente, na visão de especialistas.
Nos dias de hoje, o público se reúne por meio das redes sociais para promover campanhas e mutirões de votos, realizados gratuitamente através do site do programa. Votar no BBB deixou de ser um simples ato individual. É preciso angariar torcidas e alimentar, no universo digital, certas intrigas espelhadas na tela da televisão. A TV Globo instituiu, neste ano, duas modalidades de voto — o “único”, por CPF; e o “geral”, sem limitação de quantidade — para equilibrar a força das torcidas organizadas, mas reconhecendo a impossibilidade de embarreirá-las totalmente.
— Mobilizar torcidas é uma característica do BBB. Não existe jogo sem torcedor. De tempos em tempos, o que acontece é que temos um elenco e personagens que tocam e emocionam ainda mais as pessoas. Isso, quando somado ao desejo de jogar, faz a diferença. BBB é paixão. E quando isso acontece dentro da casa, extrapola e se une a outra característica desta edição: uma representatividade cultural ampla — comenta o diretor artístico Rodrigo Dourado.
— Não à toa, tivemos a final com representantes do Norte, Nordeste e Sul. Foi um número recorde de brothers e sisters (26 participantes), com perfis bem diferentes entre si, de regiões, costumes e vivências muito diversos. É difícil citar a principal marca desta edição. Houve uma soma de fatores, e que resultou nesse sucesso.
Para analistas, o cenário é descortinado com a popularização do que antes era chamado de “pay-per-view”. No Globoplay — em que assinantes têm acesso às câmeras da casa 24 horas por dia — o reality show é um trunfo.
Programa de maior consumo na plataforma Globoplay, o Big Brother Brasil registrou um crescimento de 56% em horas consumidas e aumento de 42% em alcance de usuários, em relação ao BBB 23. Era por lá que as tais torcidas fisgavam uma sorte de situações para reproduzir nas redes sociais.
Momentos polêmicos, como a expulsão de Wanessa Camargo e a desistência de Vanessa Lopes, se tornaram assim temas para pautas além do próprio programa, que, aliás, será disputado em duplas em 2025. Mais uma prova de que o formato é inesgotável.
Fonte : https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2024/04/18/bbb-24-comprova-forca-dos-reality-shows-no-brasil.ghtml
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