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CINEMA - Notícias e Comentários


Junior

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Mas esses dois filmes que você citou, Rubem, são muito bons. Tanto "A Múmia" (que é hilariante), quanto "George..."

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E o SBT faz a alegria dos fãs de Batman, que estão secos pra ver The Dark Knight. Domingo, o SBT exibe o filme "Batman Begins" :feliz:

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É que eu me referi a ele sempre fazer comédia/aventura.

Chapolin Gremista
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NOTÍCIAS
A Lionsgate apresentou agora o primeiro poster de Saw V (Jogos Mortais 5), a estrear no próximo Halloween.

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Gostei do poster, parece que estão substituindo os posters de carnificina com mensagens mais abstratas e misteriosas, isso é ótimo. :)
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Aff, e em 2009 é capaz que venha Jogos Mortais 6...:doido:

Chapolin Gremista
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Capaz não, vem. Já foi dito há tempos que a franquia Saw termina no 6º Filme.

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Hancock- Promete ser um filmaço.

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Aff, e em 2009 é capaz que venha Jogos Mortais 6...:doido:

Era isso que eu estava comentando com o meu irmão hoje, pois ele gosta de Jogos Moratais e eu não curto muito.

Eu não acho esse tipo de filme bom, pois eles lançam um atrás do outro, deve ficar bom mesmo, com só alguns meses de gravação...

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Muito legal o "Kung Fu Panda", sobretudo a ótima dublagem do Lúcio Mauro Filho. Também gostei dos personagens Garça, do pai do Po e do mensageiro que é enviado para ver como o vilão está na prisão. Aquela tartaruga é uma mistura de Yoda com Crush (Procurando Nemo) .

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Esse filme é bem mais divertido que "Wall-E".

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NOTÍCIAS
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NOTÍCIAS
VEJA

"Esta cidade merece criminosos melhores", diz o Coringa, desdenhando dos que o precederam na missão de flagelar Gotham. E isso, de fato, é o que Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, Estados Unidos), que estréia nesta sexta-feira no país, tem a oferecer – não só o melhor vilão de todas as adaptações dos quadrinhos para o cinema, como também, mais propriamente, o primeiro que não é uma caricatura ou uma invenção pueril, mas uma verdadeira força da aniquilação e da ruína. Na última e estupenda criação de Heath Ledger (morto em 22 de janeiro, de overdose acidental de medicamentos), o Coringa é algo que se pode temer: alguém cujo desejo único é destruir os outros, e tudo; e cujos motivos é possível intuir, mas não medir nem compreender. O mais existencialista dos super-heróis ganha, assim, um adversário que é o seu exato oposto e complemento – um niilista.

De Amnésia e Insônia a O Grande Truque, o interesse do diretor inglês Christopher Nolan esteve sempre aí, no que acontece a uma pessoa quando uma distorção passa a defini-la. Batman Begins, destinado a restabelecer as origens do personagem, se desviava dessa rota, e talvez por isso deixasse a sensação de que algo fundamental lhe faltava. Agora, Nolan retoma seu tema com ímpeto redobrado: a distorção que é o Coringa passa aqui a definir também Batman. Na verdade, quase que o explica. Tudo o que o milionário Bruce Wayne e seu alter ego heróico têm de perfeito e composto, o Coringa tem de desfeito e desorganizado – a maquiagem tosca e borrada, a voz estranha, a sujeira do cabelo, as roupas mal costuradas, a absoluta ausência de autocensura. Sabiamente, O Cavaleiro das Trevas se recusa a dar a ele uma identidade e uma história pregressa: de certa forma, como na novela célebre concebida por Oscar Wilde, Batman seria Dorian Gray, sempre jovem e íntegro, enquanto o Coringa seria o retrato que Dorian esconde no sótão, e no qual ficam impressas as marcas de sua corrupção e degradação. Em O Cavaleiro das Trevas, a tese não é apenas que os super-heróis dependem de vilões para existir; é que eles mudam no contato com a torpeza, e não para melhor. O impacto do Coringa, assim, não se fará sentir apenas sobre Batman, mas também sobre o procurador Harvey Dent (Aaron Eckhart), cuja estrela está subindo graças à perseguição que empreende contra os mafiosos de Gotham. Dent mexe onde mais lhes dói – no bolso –, e os criminosos se vingam lançando sobre a cidade o apocalipse que é o Coringa.

De volta à sua zona de conforto, Nolan faz tudo o que não pôde fazer em Batman Begins. O pessimismo é quase insuportável, as cenas de ação (rodadas no sistema Imax, que lhes confere excepcional profundidade e nuance) são uma expressão do caos, e os reveses de Gotham se acumulam até o descontrole. Também o elenco encontra terreno mais bem preparado em que exercitar seus muitos pontos fortes. As atuações são nunca menos que excelentes, de Christian Bale como Bruce Wayne/Batman a Michael Caine, Morgan Freeman, Aaron Eckhart, Maggie Gyllenhaal (substituindo, com grande vantagem, a inexpressiva Katie Holmes) e Gary Oldman – como o triste, gentil e torturado Comissário Gordon.

Um degrau acima, contudo, está o trabalho de Ledger, que exprime o prazer do Coringa na própria decomposição com uma originalidade arrebatadora, tão afinada nos seus aspectos intuitivos quanto nos técnicos (a voz, um estudo sobre os timbres agudos e anasalados de Marlon Brando, conta como um personagem em si). Christopher Nolan escolheu o australiano ao vê-lo como o caubói homossexual Ennis Del Mar em O Segredo de Brokeback Mountain e constatar que estava diante de uma criatura virtualmente mitológica – um ator sem vaidade. (O mesmo não se pode dizer de Jack Nicholson, que pelo menos até o próximo dia 18 segue considerando-se o Coringa definitivo, e ficou furioso por ter sido preterido.) Ledger é o que O Cavaleiro das Trevas tem ao mesmo tempo de mais excitante e de mais devastador. Se aos 28 anos um ator foi capaz desse assombro, mal é possível imaginar o que o cinema perdeu.


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NOTÍCIAS
ISTO É

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. Na atual temporada cinematográfica marcada pelos personagens Homem de Ferro e Hulk, a estréia de um novo episódio de Batman poderia significar, tão-somente, a chegada às telas de outra adaptação de história em quadrinhos ávida por rentável bilheteria. Mas Batman, o cavaleiro das trevas (em cartaz em todo o País a partir da sexta-feira 18) é bem mais que um simples filme de super- herói. Dirigido por Christopher Nolan, ele vai além e cria um novo parâmetro para as produções desse gênero.

Nele estão, nem poderiam faltar, as alucinantes cenas de ação e o tradicional festival de efeitos especiais. Mas do roteiro à direção, passando pela atuação de um time impecável de grandes atores (Michael Caine, Morgan Freeman, Gary Oldman, por exemplo), tudo é intenso nesse enredo que, a princípio, poderia ter sido feito só para entretenimento e diversão – Batman entra em crise e questiona a sua atuação como justiceiro que combate o crime, mas agindo também fora do sistema legal estabelecido. O filme, que custou US$ 150 milhões, é a continuação de Batman begins e pela segunda vez o ator Christian Bale interpreta o homem-morcego. O que faz a diferença, agora, é a presença do promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart), uma espécie de “cavaleiro branco” que faz justiça dentro da lei, ao contrário de Batman, o “cavaleiro das trevas”, que atua na clandestinidade.

A entrada em cena desse personagem torna mais complexo o enredo. À frente de uma cruzada contra o crime, a sua rivalidade com o milionário Bruce Wayne (ou seja, o Batman civil) invade também o terreno amoroso: ele conquista o coração de Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal), o antigo amor do super-herói, dando origem a um triângulo que caminha para um final não muito feliz. O cavaleiro das trevas é, assim, um dos roteiros mais criativos de filmes de ação. Trata-se, na verdade, de uma tragédia clássica e seu protagonista é o promotor Harvey Dent. Quem está familiarizado com as histórias em quadrinhos de Batman sabe que ele acaba se tornando o vilão Duas Caras depois de um acidente. No filme atual, acompanha-se justamente essa heróica ascensão do personagem e sua trágica queda. “Todos acabam entendendo o que o levou a ser aquilo que é, e por que ele faz o que faz”, diz o ator Aaron Eckhart. “Os maiores vilões são sujeitos bons que se tornam maus.”

Para completar o quadro de vilania, reaparece em cena o personagem palhaço-assassino Coringa, interpretado pelo ator australiano Heath Ledger – esse foi o seu último trabalho, pois ele morreu no dia 22 de janeiro de overdose de medicamentos, logo após a finalização das filmagens. Ninguém se preocupa em explicar como ele surgiu, mas, isso sim, como foi ganhando poder. Coringa aparece logo no prólogo e ganha feições de um terrorista, em um perfil muito mais assustador e maligno que na célebre versão de Jack Nicholson, em 1989. “Ele não tem um motivo, é um anarquista, só quer provocar o caos”, diz Jonathan Nolan, co-roteirista e irmão do diretor. O arquiinimigo de Batman está sempre desafiando e jogando perguntas que colocam à prova a boa índole das pessoas, e instiga o herói com falas cortantes: “Você é apenas uma aberração, como eu.” Sarcástico, diz que, se o homem-morcego fosse eliminado, aí sim a sua vida não teria sentido: “Você me completa.”

Esse é um dos dramas do herói: um criminoso como Coringa só existe em Gotham City porque lá há um Batman. “Bruce Wayne tem muita raiva dentro dele, e é tênue a linha entre o crime e a justiça feita fora da lei. A grande pergunta do filme é: quão longe se pode ir?”, diz o roteirista Nolan. Trazer essas questões morais para um blockbuster não é usual nem fácil – e, diga-se, só foi possível porque os efeitos especiais não sufocaram a história. As locações reais em Hong Kong e Chicago (a cena de Batman no edifício Sears Tower foi feita pelo próprio Bale, sem dublê) ajudam a imprimir cores no mundo em que vivemos. Pena que no Brasil ainda não dispomos de cinemas Imax: as seis seqüências feitas nessa tecnologia proporcionam ao espectador uma vertiginosa sensação de vôo livre, nunca antes experimentada em uma sala de cinema.


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ISTOÉ – Quem é o Batman de O cavaleiro das trevas ?
Christopher Nolan – Batman é um herói diferente dos outros. Ele não tem superpoderes, é apenas um homem incrivelmente rico, com defeitos e seus próprios demônios. No filme atual, sobretudo, ele luta contra esse lado obscuro e violento e tenta canalizá-lo para uma direção mais positiva. Achei que seria mais realista ter um personagem assim, controverso, e isso o torna mais interessante.

ISTOÉ – Como foi escalar Heath Ledger para o papel do Coringa ?
Nolan – Na primeira vez que conversei com ele, ainda não havia um roteiro. Falamos sobre conceitos gerais e logo percebi que ele poderia fazer o Coringa. Tínhamos a mesma visão do personagem. Mas, se ele não tivesse me procurado, provavelmente não teria me ocorrido escalá-lo.
NOLAN: “Quis fazer um filme melhor que o anterior”.

ISTOÉ – O que acha da hipótese de o personagem tê-lo afetado demais ?
Nolan – Heath era um ótimo profissional e o trabalho de um ator é criar um personagem fictício e dar realidade a ele. Foi isso que ele fez.

ISTOÉ – Qual o seu maior desafio nesse filme ?
Nolan – O principal foi fazer uma continuação melhor do que o filme anterior. Não haveria motivo de fazê-la se não acrescentasse algo para o público. O que me assustava era pensar em como são poucas as continuações realmente boas.

ISTOÉ – Vai fazer outro Batman ?
Nolan – Não tenho idéia. Acabamos esse filme, trabalhamos nele até duas semanas atrás. Temos de lançá-lo e ver o que as pessoas acham. Faço uma coisa de cada vez.


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SPOILERS :

. Em uma determinada cena , num diálogo entre Fox e Bruce Wayne , é revelado que o novo traje do morcego é à prova de gatos .

. No início do filme , Batman tenta conter uma confusão armada pelo Espantalho (numa aparição relâmpago , portanto não se iludam) , mafiosos russos e vários "Batman" falsos . A cena serve para o herói questionar seu exemplo para a sociedade ("Não era isso que eu estava imaginando quando falei que gostaria de inspirar as pessoas") .

. Batman duvida de sua missão. A vingança se torna, então, a nova lei. Daí a força do Coringa. "Você me completa", diz o vilão a um Batman estupefato. "Nós dois somos malucos. Ninguém nos dá credibilidade. Como eu, você acredita no Bem e no Mal"."

Postado

Da matéria da Isabela Boscov, na Veja, o parágrafo mais significativo é este:

Um degrau acima, contudo, está o trabalho de Ledger, que exprime o prazer do Coringa na própria decomposição com uma originalidade arrebatadora, tão afinada nos seus aspectos intuitivos quanto nos técnicos (a voz, um estudo sobre os timbres agudos e anasalados de Marlon Brando, conta como um personagem em si). Christopher Nolan escolheu o australiano ao vê-lo como o caubói homossexual Ennis Del Mar em O Segredo de Brokeback Mountain e constatar que estava diante de uma criatura virtualmente mitológica – um ator sem vaidade. (O mesmo não se pode dizer de Jack Nicholson, que pelo menos até o próximo dia 18 segue considerando-se o Coringa definitivo, e ficou furioso por ter sido preterido.) Ledger é o que O Cavaleiro das Trevas tem ao mesmo tempo de mais excitante e de mais devastador. Se aos 28 anos um ator foi capaz desse assombro, mal é possível imaginar o que o cinema perdeu.

:(

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E a revista SET publicou extensa matéria sobre o filme. E a nota para o filme foi 10.

Postado (editado)

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NOTÍCIAS
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LUCIANA CURIATI

. “Batman – O Cavaleiro das Trevas” já começa com muita ação e pequenas reviravoltas quando a gangue do Coringa assalta um banco. E a partir daí, é isso o que se vê na telona : tiroteios, brigas corpo a corpo, perseguições pelas ruas, explosões, traições, surpresas e muitas mortes – quase tudo orquestrado pelo grande vilão do filme.

Logo no início, os mafiosos de Gotham se vêem obrigados a confiar em um empresário de Hong Kong, mas o Coringa dá um jeito de conseguir o domínio sobre o dinheiro deles e, consequentemente, sobre suas ações.

Enquanto a máfia se desmantela, Batman (Christian Bale) é perseguido como um bandido : ele é considerado um justiceiro que, apesar de combater o crime, também comete delitos e, mesmo sem querer, acaba fazendo com que a criminalidade aumente. Por outro lado, o Homem-Morcego ainda tem muitos apoiadores: ajudantes valiosos como o cientista-empresário Lucius Fox (Morgan Freeman) e o mordomo Alfred (Michael Caine), com seu humor inteligente, além de seguidores fiéis – pessoas comuns que passam a se vestir de Batman pra intimidar os bandidos, criando mais um problema para Bruce Wayne...

Ele ainda tem como aliado o tenente Jim Gordon (Gary Oldman), um dos últimos bons policiais de Gotham, que encara sua difícil tarefa com muita honra e coragem.

E quem também está do “lado do bem” é o recém-eleito promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart), considerado o Cavaleiro Branco que vai salvar a cidade dominada pelos bandidos. Ele realmente faz um bom trabalho, e visivelmente impressiona o playboy Bruce Wayne : Harvey é um super-herói que não precisa de máscaras, ao contrário dele, e talvez por isso tenha conquistado Rachel Dowes (Maggie Gyllenhaal), por quem o milionário ainda é apaixonado.

Como o próprio Coringa explica numa cena de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, ele não tem um plano: ele é um agente do caos. E seus alvos são o prefeito, os juizes que julgam os mafiosos, o comissário de polícia, o novo promotor e sua assistente-namorada, Rachel. E com isso, ele deixa o tenente Gordon, Harvey Dent e Batman bastante ocupados.

Como era de se esperar, alguns planos dão certo. E não é spoiler dizer isso, já que todos sabem que Gordon eventualmente vai assumir o cargo de comissário de polícia, e o promotor público, o Cavaleiro Branco que salvaria Gotham, se torna o vilão Duas-Caras. O que é importante é como tudo isso acontece. O Coringa faz seu jogo pra provar ao Batman que a linha que divide o bem e o mal é muito fina, e que ninguém é incorruptível. A lição é que cada escolha tem suas conseqüências.

“Batman – O Cavaleiro das Trevas” é daqueles filmes que deixam o espectador colado na cadeira, sem piscar e nem perceber que passou duas horas e meia de queixo caído. Christopher Nolan faz um trabalho impecável tanto na direção como no roteiro, escrito em parceria com seu irmão Jonathan.

O Espantalho (Cillian Murphy), um dos vilões de “Batman Begins”, faz uma ponta que é tão pequena que pode ser desconsiderada. Quanto aos personagens principais, o vilão Duas-Caras é a peça mais fraca da trama : a maquiagem é impressionante, ele tem seus motivos pra fazer o que faz, mas sua participação é completamente ofuscada pelo brilhantismo do Coringa. A interpretação de Heath Ledger, com seu andar torto, a fala lenta, como se ele escolhesse as palavras, e as expressões por baixo da maquiagem de palhaço que esconde seu rosto desfigurado, deu um peso ao personagem que deve ter deixado Jack Nicholson com inveja. Até o Batman, coitado, se vê como uma peça nas mãos do Coringa, que prova ser uma ameaça inesperada para sua identidade.

Também vale a pena destacar que a trilha sonora praticamente não pára, dando o clima necessário – mas quando ela dá uma pausa, é bom se segurar!

Quem acompanhou a campanha viral gigantesca criada pra promover “Batman – O Cavaleiro das Trevas” vai reconhecer certas situações. Muita coisa que foi divulgada nos últimos meses serviu pra situar o que se passou em Gotham desde “Batman Begins”, mas quem não sabe o que aconteceu na cidade não vai ficar perdido. O que vale a pena pra não perder nada é comprar outro ingresso assim que você sair do cinema, e correr pra dentro pra pegar o melhor lugar! E fazer isso de novo, de novo e de novo...

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NOTÍCIAS
KLÉBER MENDONÇA FILHO

. Uma das melhores peças publicitárias da blitz de marketing da Warner Bros. para The Dark Knight (EUA, 2008) traz a frase "Why So Serious?" (porquê tão sério?"). Para quem não consegue levar filmes desse tipo como representação religiosa da vida na sua leitura mais séria, a pergunta cabe graciosamente. Porquê diacho esse filme é tão retido na sua sisudez ?

Com duas horas e 20 minutos, The Dark Night parece querer dizer ao mundo com a sua auto-importância que o cinema de entretenimento também pode ser profundo e sombrio. Se o primeiro adjetivo talvez não entre, o segundo sugere honrar a face trágica do ator Heath Ledger, falecido precocemente no início do ano. Há algo de fascinante na morbidez de ver Ledger por trás de uma máscara mortuária em todas as suas cenas : a máscara do Coringa.

The Dark Knight, no entanto, foi feito exatamente para quem leva filmes desse tipo a sério como representação religiosamente fiel da vida. Não parece bastar mais ver filmes ágeis, inteligentes, críticos e espetacularmente divertidos dentro de um tom de "cinema de super herói", ou de "histórias de quadrinho" - Superman The Movie, Robocop, o Batman de Burton, Os Incríveis.

O que importa na indústria cultural é a grande obra-prima da semana. The Dark Knight vem sendo embalado há mais de um ano pela máquina de marketing da própria Warner Bros. como um pré-clássico do cinema, espécie de "O Poderoso Chefão dos filmes de super herói". O cinismo brilhante desse tipo de campanha, validada sinistramente pela morte de Ledger, é ignorar que valor é uma coisa dada naturalmente pelo mundo, e não espalhada meses antes de um filme ser visto.

E é nesse mundo dominado por valores artificiais gerados pela qualidade do design e da onipresença que, temos, portanto, uma obra de valor calculável: mais ou menos 600 milhões de dólares, quantia que The Dark Knight (via DC Comics) precisa para superar financeira e moralmente a arrecadação internacional do outro super herói concorrente no trimestre, O Homem de Ferro, da Paramount Pictures (via Marvel Comics).

O efeito mitificador do trágico falecimento (em janeiro) do ator, aos 28 anos, também deve ser ponderado. Ajudou muito a máquina de vendas o fato de seu personagem no filme – o Coringa – ter uma face graficamente sintonizada com a morbidez natural da tragédia pessoal do artista em si. Olhar para o rosto deformado do Coringa ao longo dos últimos meses sugeria um cheiro de morte, sensação que perdura ao longo de todo o filme, dando-lhe peso.

Há ainda uma campanha iniciada pelo diretor Christopher Nolan (Memento, Batman Begins), e que ganhou as vozes de atores que estão no filme – Christian Bale, Michael Caine – de que Ledger deverá ganhar o Oscar 2009 por sua atuação, sendo este papel sua herança para o mundo. Me pergunto se, do ponto de vista da imagem preservada, as pessoas lembrarão de Ledger, o homem, ou do Coringa borrado, a 'máscara', ou se de Ledger, o ator, ou do seu cowboy em Brokeback Mountain, onde suas feições/rosto ali intactos?

DUPLOS – Depois de finalmente visto, o filme parece repetir o conceito de duplos, algo desenvolvido originalmente nos quadrinhos e com interessante eficácia já no filme de Tim Burton, 19 anos atrás. Gotham City (filmada ricamente em Chicago) está à beira da anarquia, a semente justiceira espalhada pelo trabalho de Batman ganhou adeptos (ou duplos) em imitadores que não são páreo para o grau de perversidade de um novo criminoso chamado Coringa, sua demência violenta apresentada numa seqüência de abertura empolgante.

Bruce Wayne/Batman (Bale) parece ter desocupado a bat-caverna, preferindo um largo estacionamento de shopping personalizado. Ele supervisiona os passos do crime organizado, liderado por Maroni (Eric Roberts, bom revê-lo), com arsenal cada vez maior de brinquedos fornecidos pelo seu escudeiro Lucius (Morgan Freeman). Alfred (Caine) continua sendo o serviçal de voz paterna para Wayne, bilionário boa pinta e enfeitado por mulheres objeto que encontra no jovem político Harvey Dent (Aaron Eckhart) um duplo oficializado seu que poderá restaurar a paz e a justiça em Gotham City (the American way).

Tudo isso é um prato cheio para a veia anarquista do Coringa, que consegue bagunçar os caminhos de Wayne e Batman, da máfia e do triângulo amoroso entre Wayne, Dent e Rachel (Maggie Gyllenhaal, que me pareceu mais expressiva com o pouco que lhe deram do que Katie Holmes com o outro pouco que ela tinha). Eu não sei se entendi muito bem as maquinações do Coringa, mas seja lá o que ele estava fazendo, ele terminou fazendo, e bem.

Finalmente, as tais maquinações levam Coringa a transformar Dent numa nova e dramática aberração, o Duas Caras, personagem com a aparência de um pesadelo que abandona a crença na justiça (the American way) e passa a enxergar a moralidade num ambiente sórdido como uma questão de mero acaso, ou sorte.

Esse último pensamento me pareceu caber bem com o clima geral das manchetes pavorosas que têm relatado um gênero bem brasileiro de violência nesse país, em atos de perversão brutal que alimentariam o Coringa com muitas idéias e imaginação. Essa comunicação (que talvez só exista na minha cabeça) com um certo estado de coisas fora do filme me agradou.

Se Jack Nicholson, roubou o Batman de 1989 com um terrorista da arte (pichava obras que defendiam o belo, adorava Francis Bacon), Ledger rouba o filme novo como personificação do terror. Não há muito o que dizer ao ouvirmos Batman com sua voz engraçada de gripado trocando palavras com um Coringa tão mais fácil (e interessante) de ouvir.

Não seria estranho imaginar que o papel do Coringa no filme canaliza um medo bem americano nesta década, o medo de um pensador do terror que habita o imaginário dos EUA via figura de Osama Bin Laden. Talvez seja o que mais próximo existe de um Coringa real.

São boas idéias sugeridas por uma aventura um tanto dura feito uma tábua, em especial na forma como se contorce para dar conta de tantas estratégias e tramóias, algumas (as cenas de ação) com a funcionalidade de um anúncio de brinquedo. Nolan, na falta de estilo pessoal próprio, vai buscar uma marca sua no orçamento astronômico, numa câmera carrossel gratuita e na trilha sonora para surdos, uma sinfonia de 140 minutos incapaz de te deixar a lembrança de uma melodia sequer.

Por obra do destino, no entanto, esse filme industrial agregou a mística de um rosto forte à ajuda poderosa da morte.

PG-13 - Por último, vale acrescentar o quanto os mecanismos do mercado impõem à imagem uma idéia de restrição, embora isso nada tenha a ver com a ação descrita ali na tela. O que importa, cegamente, à idéia de "classificação" é se vemos ou não a imagem de uma faca cortando o canto de uma boca. Para mim, o fato de alguém fazer isso com o outro, e o tratamento implícito ali aplicado (montagem, música, efeito de som) deveria dar o tom, e não o quão explícito o corte é.

"The Dark Knight", nos seus momentos mais dó-dóis, parece clamar pelos detalhes pré-formatados milimetricamente para seu público de meninos de 12 ou 13 anos, quando a ação em si mostra-se bem mais sombria e demente. Para tal, vejam Robocop.

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NOTÍCIAS
PABLO VILLAÇA

. Batman – O Cavaleiro das Trevas é um filme exaustivo. Ao sair do cinema, eu tinha a clara impressão de ter sido pisoteado e arrastado por uma manada de touros impiedosos, tamanha a demanda emocional cobrada pelo longa de Christopher Nolan. E ainda que tenha várias e eficazes seqüências de ação, o sentimento de exaustão não se originava destas, mas sim do intenso duelo psicológico protagonizado por seus personagens - afinal, não satisfeito com a idéia de simplesmente matar seus oponentes, o Coringa vivido por Heath Ledger exibe um propósito ainda mais cruel: o de destruí-los psíquica e emocionalmente, levando-os a abraçar o que de mais sombrio possuem em suas naturezas.

Escrito por Nolan ao lado de seu irmão Jonathan a partir de argumento concebido com David S. Goyer, O Cavaleiro das Trevas inicialmente nos apresenta a uma Gotham City que, aparentemente, encontra-se mais controlada do que aquela vista no filme anterior : ciente de que os marginais aprenderam a temer a figura justiceira de Batman, o tenente Gordon (Oldman) freqüentemente acende o bat-sinal apenas para inibir a ação dos bandidos, que imediatamente deixam as ruas ao suspeitarem que o herói encontra-se próximo. Ao mesmo tempo, a cidade (assim como a promotora Rachel Dawes, que troca o rosto de Katie Holmes pelo de Maggie Gyllenhaal) se encontra encantada com a figura galante e corajosa do promotor Harvey Dent (Eckhart), que, incorruptível, vem lutando para enjaular os mafiosos de Gotham. Em contrapartida, cidadãos comuns, inspirados por Batman, vêm se disfarçando de Homem-Morcego enquanto tentam fazer justiça com as próprias mãos – o que, é claro, acaba freqüentemente resultando em problemas. É neste cenário confuso que os chefes da Máfia, fartos de Batman e Dent, acabam dando carta branca para que um estranho que insiste em usar maquiagem de palhaço sobre suas profundas cicatrizes resolva seus problemas : o Coringa.

Buscando basear a história em um universo calcado na realidade (assim como ocorria em Batman Begins), Christopher Nolan mais uma vez se esforça para convencer o espectador de que, exageros à parte, a existência de uma criatura como Batman (ou o Coringa) não é algo de todo absurdo: cansado da dificuldade de movimentos provocada por seu uniforme, por exemplo, o milionário Bruce Wayne (Bale) trabalha ao lado de seu mordomo Alfred (Caine) e do cientista Lucius Fox (Freeman) para conceber uma nova roupa que lhe ofereça maior liberdade; e até mesmo a operação de captura de um bandido em terra estrangeira tem seus detalhes cuidadosamente planejados, não deixando nada ao acaso. Contribui, para este realismo, a insistência do diretor em evitar uma abundância de efeitos digitais, que são trocados por trucagens mecânicas absolutamente convincentes – e num dos raros momentos em que a utilização do computador se torna óbvia, durante uma manobra de Batman em sua moto, sentimos uma estranheza proveniente justamente da constatação de que aquilo não combina com a abordagem presente no restante da projeção.

Além disso, como os personagens soam humanos, distanciando-se das figuras unidimensionais presentes em projetos similares, nosso investimento emocional na história cresce exponencialmente, já que passamos a temer por seus destinos – e, mais uma vez, Nolan acerta em cheio ao mergulhar Gotham City num clima de medo e incerteza que certamente espelha os sentimentos de uma Sociedade cada vez mais oprimida pelo acaso da violência.

Assim, da mesma maneira que os habitantes de Gotham experimentam o pânico provocado pelas constantes ameaças do Coringa, nós vivemos o choque causado por atos de indizível brutalidade cuja natureza aparentemente aleatória apavora justamente por ser imprevisível. Neste sentido, aliás, O Cavaleiro das Trevas ainda busca acrescentar uma discussão política velada através das ações de seu herói, que infringe o direito à privacidade de seus conterrâneos em sua tentativa de encontrar o vilão – e se num filme menor isto seria visto como uma estratégia inteligente, aqui o sensato Lucius Fox questiona a atitude de Batman, propondo uma discussão ética que remete diretamente às atuais políticas do governo Bush possibilitadas pelo infame “Ato Patriótico”.

Porém, para que o pavor de Gotham e as ações extremas do próprio Batman possam realmente refletir nosso medo, é fundamental que a ameaça que enfrentam seja palpável, fugindo do cartunesco e do fantasioso – e, assim, o Coringa visto neste longa é o ideal: sempre ameaçador, o vilão encarnado pelo falecido Heath Ledger é uma figura que exala instabilidade e perigo. Dono de uma risada que, mesmo ensandecida, surge congelante na crueldade que evidencia, o personagem em nada se parece com aquele vivido por Jack Nicholson no Batman de Tim Burton (e que funcionava maravilhosamente no contexto daquela produção, mas que aqui soaria deslocado e ridículo): enquanto Nicholson e Burton nos apresentavam a uma criatura bizarra, mas divertida ao seu próprio modo, o Coringa de Ledger nos repele, incomoda – e o fascínio que acaba exercendo sobre o espectador é similar ao de um desastre de automóvel, já que olhamos para os destroços com uma curiosidade mórbida ao mesmo tempo em que desejamos nos afastar rapidamente dali.

Dominando a tela desde sua primeira aparição, quando vemos sua figura apropriadamente torta e de cabelos desgrenhados, Ledger emprega uma voz que em tudo difere do tom grave e reprimido do Ennis Del Mar de O Segredo de Brokeback Mountain – e se naquele filme ele mal abria a boca ao articular as palavras, aqui sua voz anasalada e inconstante mostra-se fluida como a direção de seu olhar, que jamais se foca por muito tempo no mesmo objeto. E se todos estes elementos já servem para externar o desequilíbrio interno do personagem, ainda mais brilhante é a decisão do ator de passear a língua constantemente pela boca, sempre investigando as próprias feridas, num insight que reflete o tique de qualquer um que já descobriu alguma superfície estranha no céu da boca, na gengiva ou no interior das bochechas.

Conseguindo a proeza de transformar um personagem que abraça a caricatura em um homem real, Ledger explora ao máximo o potencial do belo roteiro dos irmãos Nolan, que acerta ao não tentar apresentar uma versão definitiva para a origem do vilão – que, como o próprio Mal, surge sem explicações ou passado (isto se aplica, também, ao Anton Chigurh vivido por Javier Bardem em Onde os Fracos Não Têm Vez – cujo hábito de decidir a sorte de suas vítimas por uma moeda, diga-se de passagem, também encontra eco nas ações de outro personagem de O Cavaleiro das Trevas). Assim, como é simplesmente impossível compreender o que move este Coringa (ele não parece interessado em dinheiro ou poder), sua imprevisibilidade torna-se ainda maior, assim como a ameaça representada por sua presença – e toda vez que ele surge na tela, ficamos tensos e à espera do pior. De certa forma, aliás, o Coringa de Ledger remete a duas figuras já icônicas da recente cinematografia norte-americana: enquanto sua natureza anárquica e seus esforços rumo ao caos lembram as ações do Tyler Durden de Clube da Luta (a esquizofrenia também é uma característica que dividem), seu projeto de vida reflete aquele do John Doe de Se7en, que também manobrava pelo declínio moral de seu oponente para completar seu Grande Plano (e aqui o detetive Mills é substituído por Batman e por Harvey Dent).

No entanto, a força de Coringa como personagem seria diminuída se não acreditássemos, também, na intensidade de seu inimigo – e, ao contrário de tantos outros heróis do gênero (como o certinho Superman ou mesmo o bonzinho Peter Parker), Bruce Wayne é um homem complexo, constantemente torturado pelas conseqüências de suas ações. Lamentando ter despertado não só o surgimento de “justiceiros” como também o de vilões extremados como o Coringa, Wayne deseja desesperadamente encontrar uma solução que lhe permita abandonar a máscara e viver uma existência normal – e, assim, suas esperanças em Harvey Dent soam tocantes por denunciarem sua fragilidade emocional. E se assistir a O Cavaleiro das Trevas é exaustivo, ainda mais extenuante é ser o próprio, já que poucas vezes um herói foi tão cobrado física, emocional e psicologicamente como Bruce Wayne – e Christian Bale encarna este cansaço (e também a determinação resultante) de maneira impecável. Assim, os melhores momentos do longa são aqueles que se concentram no confronto entre Batman e Coringa, que, de maneira peculiar, representam dois lados da mesma moeda (olha aí o símbolo de volta).

Enriquecido também por um elenco secundário extremamente coeso, O Cavaleiro das Trevas emprega cada personagem com um propósito específico: Alfred representa o calor humano tão importante para manter Bruce Wayne ligado ao mundo real; o tenente Gordon funciona como um aliado estratégico fundamental e a crença remanescente nas Instituições; Lucius Fox oferece ao espectador a impressão de que todas aquelas bugigangas são plausíveis; e Rachel Dawe encarna a esperança de Wayne em um futuro melhor. E chegamos, finalmente, ao Harvey Dent representado de maneira trágica por Aaron Eckhart, que retrata com intensidade a instabilidade crescente de um homem que, mesmo determinado a fazer o que é certo, sente cada vez mais o peso da pressão exercida por seus oponentes – e é justamente por acreditarmos naquele homem que sua trajetória se torna tão dolorosamente trágica.

Tecnicamente impecável, o filme não apenas conta com um design de som brilhante (observem, por exemplo, como o som da capa de Batman batendo sob a força do vento acaba ajudando a conferir verossimilhança a uma ação improvável, já que, de outra forma, estranharíamos o fato do herói voar tão bem), como também se beneficia do ótimo design de produção de Arthur Marx, que estabelece o escritório de Dent como um local repleto de pastas entulhadas, evidenciando a natureza trabalhadora do personagem, além de criar um novo QG para o Homem-Morcego que, branco e asséptico, estabelece um curioso (e eficaz) contraste com a bat-caverna do primeiro longa.

Enquanto isso, a trilha concebida a quatro mãos por Hans Zimmer e James Newton Howard pontua bem a tensão e o drama que se alternam ao longo da projeção, ao passo que a ótima utilização das locações (o projeto foi rodado em Chicago) ajuda a basear Gotham City no mundo real, fugindo da estilização dos trabalhos de Burton e soando mais plausível até mesmo do que Batman Begins, que ainda trazia aqueles trilhos suspensos que rumavam em direção à colossal torre Wayne. Finalmente, até as tentativas de humor, que antes pareciam estranhas àquele universo, agora soam mais orgânicas e eficazes.

Certamente um dos “filmes de super-herói” mais adultos e densos já concebidos por Hollywood, O Cavaleiro das Trevas é inteligente o bastante para compreender que nem sempre ser “herói” implica em agir da maneira esperada – e se questionei, em Batman Begins, o fato de Wayne revelar sua identidade para Rachel, aqui fui obrigado a aplaudir a coragem de um homem que, em prol do bem maior, não hesita em assumir a condição de maldito. E ver a figura claudicante, vulnerável e trágica de Batman mergulhar nas sombras de uma cidade desesperada por figuras heróicas é, desde já, umas das imagens mais fortes e tristes que o gênero já produziu.

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NOTÍCIAS
VINICIUS ALBUQUERQUE

. O espectador vai sair da sala do cinema após as pouco mais de duas horas do filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas", que estréia nesta sexta-feira, com a sensação de que viu um filme melhor que o antecessor na atual série, "Batman Begins".

De fato, ele supera o episódio inicial em muitos aspectos. Mas vai perceber que são tantos os aspectos em que o novo filme supera o anterior, assim como são tantos os que ficam devendo em relação a "Batman Begins", que, se "O Cavaleiro das Trevas" é melhor, é por pouco.

Uma coisa em que o novo filme é inegavelmente melhor é o Coringa, interpretado por Heath Ledger. Algo que incomodava no Coringa interpretado por Jack Nicholson em 1989, no "Batman" de Tim Burton, é que ele não convencia como vilão agressivo, como um homem realmente perigoso; ele era, por assim dizer, "brincalhão" demais.

Ledger não: a presença dele é sempre ameaçadora; todo o tempo em que ele está em cena é tenso, ficamos nos mexendo na cadeira para nos prepararmos para o próximo ato violento. Como o "truque de mágica" que ele faz com um lápis quando invade uma reunião dos chefões da máfia de Gotham para dizer que irá matar o Batman por metade do dinheiro das operações do crime organizado.

As piadas desse Coringa não são engraçadas; são cortantes, agressivas - o que não impede o espectador de dar um sorriso nervoso, ou mesmo rir. Como, por exemplo, quando ele se disfarça de enfermeira para tirar o promotor Harvey Dent (já então desfigurado e com sua personalidade dominada pelo "Duas Caras") de um hospital que ele próprio irá implodir - mas não sem antes ter de lidar com o mau contato no botão do detonador.

Batman, a polícia e Dent saem no encalço do vilão, mas ele está sempre um passo à frente de todos - e mesmo quando se põe as mãos nele, ele dá um jeito de escapar. O Coringa deste filme é uma guerra civil de um homem só: mata juízes, civis, policiais e até cúmplices (preste atenção na seqüência do assalto a banco), e cria uma confusão tal que o capitão James Gordon (que neste filme é promovido a comissário) acha melhor chamar a Guarda Nacional para combater. Guarda Nacional... para enfrentar um homem só.

Uma definição bem adequada do Coringa é dada pelo mordomo Alfred (Michael Caine, sempre impecável): para ele, o vilão não age com lógica, não está atrás de nenhum resultado objetivo sobre o qual se possa negociar. "Algumas vezes, as pessoas querem apenas ver o mundo pegar fogo", diz.

Christian Bale é outro ponto forte : mais uma vez se sai muito bem tanto no uniforme do herói como nos ternos caríssimos e muito bem cortados de Bruce Wayne. Ele continua seguindo à risca o conselho dado por Alfred no primeiro filme sobre como um playboy deve se comportar. Em "Batman Begins" ele compra um hotel para suas acompanhantes tomarem banho no chafariz; neste, ele manda juntar duas mesas em um restaurante fino - e ele pode; afinal, é o dono do lugar. A uma festa em sua cobertura, ele chega de helicóptero, acompanhado de três beldades, impressionando todo mundo.

O uniforme mudou - ele encomenda um novo a Lucius Fox (Morgan Freeman), o CEO da Wayne Enterprises e gênio inventor. Precisa de mais mobilidade para a cabeça - com o uniforme do primeiro filme, para olhar para os lados ou para trás, Batman precisava girar o corpo junto. Fox é um personagem estratégico, é o "sidekick" (assistente) perfeito para o herói. Com um parceiro como Fox, o Robin nunca vai ser necessário.

O capitão/comissário Gordon tem um papel bem mais presente na história - e a escolha de Gary Oldman para interpretar o policial foi uma das mais felizes: basta ver o quanto o personagem se aproxima (fisicamente inclusive) do que foi retratado na graphic novel "Batman: Ano Um", de Frank Miller.

As seqüências de ação mais uma vez são de tirar o fôlego. E é de lamentar o que acontece com o "Tumbler" - o "bat-tanque" do primeiro filme - mas o "Bat Pod" não deixa nem um pouco a desejar (a seqüência do caminhão é impressionante) .

O filme ainda tem a seu favor a fotografia : o sobrevôo em Hong Kong é de dar vertigens - e a escapada do Batman de um edifício com um executivo chinês envolvido com os criminosos de Gotham é das melhores do filme. A cena do herói saindo em seu "Bat Pod" de uma via subterrânea em direção à luz é das mais bonitas também.

Sim, mas...

O filme deixa a desejar quando se comparam as duas histórias. Assistir a "Batman Begins" é como ver um campeão em cubo de Rubik (o cubo mágico) montar o brinquedo : não há giros em falso, não há voltas desnecessárias; todo giro do roteiro faz o "clique" certo, nada fica sobrando.

Já no novo filme, a primeira coisa que causa algum incômodo é a discussão sobre o que é ser o herói que Gotham precisa. Claro que é uma questão relevante : Wayne acha que Dent é o "cavaleiro branco", o homem que a cidade precisa para livrá-la do crime, e Dent acha que o Batman é que está fazendo um bom trabalho. A dúvida, no entanto, parece estar sempre presente e ver essa indecisão se arrastar ao longo do filme acaba cansando um pouco.

Outro ponto fraco são justamente os muitos giros que a história dá : há uma conspiração para matar o prefeito, que ganha uma grande importância; também há um plano secreto da polícia; depois há uma invenção para rastrear pessoas pelos celulares, com a qual o Batman pretende encontrar o Coringa. O dispositivo é genial, mas as cenas dele em funcionamento são frenéticas demais, atrapalha a visão do que está acontecendo.

A seqüência do "experimento social" a que o Coringa submete os tripulantes de duas embarcações - uma com pessoas inocentes e outra com prisioneiros - parece durar um pouco mais que o necessário... tem lá seu efeito dramático, mas cansa o expectador.

A trilha sonora no primeiro filme foi bem utilizada; no segundo, no entanto, é muito presente. Em "Batman Begins", foi usada com o "timing" ideal. Aqui parece que foi usada em excesso.

Ainda que não seja uma adaptação de nenhuma obra específica em quadrinhos para as telas, alguns outros elementos desse universo serão reconhecidos pelos fãs. O Coringa, por exemplo, pergunta em diversas ocasiões se sua vítima quer saber como ele recebeu as cicatrizes nos cantos da boca - e, a cada vez que pode, conta uma história diferente. Isso lembra "A Piada Mortal", a graphic novel de Alan Moore, na qual o vilão diz que se tem de ter um passado, prefere que seja de múltipla escolha.

E a história dele não é contada como foi quando Nicholson interpretou o vilão, seguindo bem de perto a origem nos quadrinhos (e também narrada em "A Piada Mortal"). No filme de Tim Burton, o personagem fica de fato com a pele toda branca, depois de cair em um recipiente com produtos químicos. No novo filme, o Coringa apenas usa maquiagem, o que faz parecer mais verossímil a existência de um criminoso tão violento.

O truque com o lápis também parecerá familiar ao leitor de quadrinhos: o vilão fez um truque parecido na graphic novel "Asilo Arkham".

Outra característica do filme que lembra os quadrinhos: Batman passa a contar com a ajuda (não solicitada) de uma milícia, uniformizada como ele - que mais atrapalha que ajuda. Na graphic novel "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (1987), de Miller, uma gangue desfeita depois que Batman derrota seu líder passa a ser um grupo de seguidores do herói (somente em português o nome da graphic novel é o mesmo do filme no Brasil; no original, a obra de Miller se chama "The Dark Knight Returns").

Editado por E.R
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NOTÍCIAS
CÁSSIO STARLING CARLOS - FOLHA DE S.PAULO

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. Entre todos os super-heróis de HQ reencarnados nos últimos tempos no cinema, Batman foi o que aprendeu com mais dureza a lição de que não basta ter asas para voar. Ressuscitado em 1989 pelas mãos do diretor Tim Burton, o homem-morcego alcança em "O Cavaleiro das Trevas", sua sexta aventura na franquia, a condição de anjo caído, demonstração da linha de diálogo que serve de mote para esta desventura: "Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o vilão".

O filme, que estréia no Brasil amanhã, põe o milionário Bruce Wayne na desconfortável tarefa de sobreviver à chegada de Coringa a Gotham City. De quebra, mostra a gênese do Duas Caras. E eleva a condição generalizada de crise -moral, social, existencial- ao patamar mais interessante da franquia.

O responsável pela tarefa de risco foi o britânico Christopher Nolan, que, além de dirigir, assina o roteiro com seu irmão Jonathan. Para os fãs insatisfeitos com "Batman Begins" (2005), a estréia de Nolan na série, fica o veredicto: desta vez ele acertou em cheio.

"O Cavaleiro das Trevas" segue à risca o modelo seriado de aventuras da qual o super-herói é exemplo desde seus primórdios em quadrinhos. E justifica retrospectivamente as escolhas feitas por Nolan na estrutura de "Batman Begins". No longa anterior, o modelo de filme de ação era relativamente descumprido em toda a primeira hora, num visível esforço de Nolan de refundar a mitologia do personagem. Pouca movimentação seguia a narrativa das origens do super-herói, que deslocava o filme para o terreno psicológico, interrompido aqui e ali por combates.

Agora fica mais clara a função de prólogo de "Batman Begins", e "O Cavaleiro das Trevas" pode se concentrar na ação desde os minutos iniciais, mantendo-se num excitante ritmo por quase duas horas e meia.

Para se distinguir da imagem marcante criada pelo refundador da série, Nolan impõe uma visão mais realista ao personagem e seu universo. Burton marcou Batman com a inclinação gótica e carnavalesca de seu estilo, elegendo as máscaras e fantasias como foco da atenção. E foi seguido com muito menos talento por Joel Schumacher nos dois títulos seguintes.

Nolan prefere desvalorizar as máscaras, seja usando-as na forma reproduzida, como nos falsos Coringa e Batman que aparecem nas duas primeiras seqüências do novo filme, seja mostrando a maquiagem do Coringa se derretendo sobre a face de Heath Ledger, numa última aparição assombrosa.

Para se livrar do peso excessivo de outro antecessor (Jack Nicholson) na pele do vilão, Ledger oferece outra encarnação aos maus modos do personagem, mais grotesco e menos caricato. Sua face degradada é o duplo monstruoso do Bruce Wayne com o rosto limpo e a pele cuidada de Christian Bale, dualidade que só se confirma com a irrupção de Duas Caras.

Conceitos e simbolismos à parte, o que não falta ao filme é espaço para o arsenal de truques visuais e encantamentos, como o Bat-Pod, a supermoto e as seqüências com câmeras Imax, capazes de deixar qualquer marmanjo boquiaberto.

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MARCO AURÉLIO CANÔNICO - FOLHA DE S.PAULO

. Na última cena de "Batman Begins", o tenente Gordon diz a Batman que suas ações iriam gerar reações em escalada. "Você veste uma máscara e sai pulando pelos telhados... Veja esse sujeito, tem uma queda pelo teatral, como você. Deixou uma carta de assinatura", diz o policial, mostrando o coringa do baralho. Esse é o ponto de partida para a trama de "Batman - O Cavaleiro das Trevas", que estréia amanhã no Brasil, com 500 cópias (292 legendadas, 208 dubladas) em 520 salas (cerca de um quarto do total do país).

"Essa cidade precisa de uma classe melhor de criminosos, e eu vou dar a ela", diz o já lendário Coringa de Heath Ledger.

Mais do que um caso de ação e reação, o vilão e o homem-morcego são complementares.
"Ele é a resposta lógica ao Batman, que instigou esse tipo de comportamento extremo em Gotham", disse o diretor Christopher Nolan em uma mesa-redonda de jornalistas, da qual a Folha participou.

Nesta segunda parte do que deve ser uma trilogia, Nolan criou um sombrio épico criminal, que tem sido comparado a seqüências clássicas como "O Poderoso Chefão 2" e "O Império Contra-Ataca".

"Procurei não fazer conscientemente um paralelo com o mundo real; o filme é ficção e deve funcionar assim. Mas é possível notar nele uma prevalência do medo da anarquia e do caos, representados pelo Coringa, que acho que são medos atuais", disse o diretor.

Nolan ressalta a importância que dá ao realismo da história, não só em termos de filmagem - usando poucos efeitos especiais - mas também na composição dos personagens. "O que me interessa é a qualidade sombria do Batman como herói. Ele é movido por impulsos muito negativos, tem uma psique que tenta controlar."

Christian Bale diz que foi essa profundidade que o atraiu no personagem. "Ele é bem humano, não tem superpoderes, tem conflitos internos. É altruísta, mas também é tentado pela violência, pela vingança."

Os personagens principais do primeiro filme estão de volta (com Maggie Gyllenhaal no lugar de Katie Holmes como Rachel Dawes). Entre as novidades, o diretor tenta destacar o promotor Harvey Dent, o Duas Caras (Aaron Eckhart).
"O Coringa é o vilão mais espalhafatoso, mas Harvey é um personagem mais convincente, tem uma história completa."

De fato, a narrativa de Dent é mais completa, mas a atuação de Ledger e sua morte por overdose acidental de remédios, em janeiro, colocaram todo o foco em seu Coringa.


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NOTÍCIAS
SET

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. E o principal motivo do filme ser bom é justamente não ser um “filme de super-heróis”. E é, em seu cerne, a jornada de um homem incorruptível que cede ante a loucura de uma cidade. Seu nome é Harvey Dent.

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Desde que Batman - O Cavaleiro das Trevas deixou de ser apenas uma idéia, Christopher Nolan deixou claro que o filme não só seguiria o gancho do final de Batman Begins, com o tenente Gordon entregando uma carta de baralho do Coringa para o Batman, como também ele não tinha o menor interesse em explorar a gênese do Palhaço do Crime. “Anarquia” é a palavra-síntese do personagem interpretado por Heath Ledger que encontra uma Gotham City com seu submundo apavorado com a presença do Batman e propõe, sem muito rodeio, matar o herói. Ao mesmo tempo, Bruce Wayne (Christian Bale) começa a questionar seu papel como símbolo da esperança numa cidade apodrecida e passa a enxergar esse papel em Dent (Aaron Eckhart), recém-eleito promotor público e força incorruptível na caçada aos mafiosos de Gotham, que aos poucos percebem que seu tempo é coisa do passado. É a jornada de Harvey, sua cruzada moral e o modo como o Batman e o Coringa o empurram ou para a luz ou para a escuridão que se desenvolve a trama do filme. Mas não fica por aí - isso na verdade é resvalar na superfície !

Batman - O Cavaleiro das Trevas traz tantas tramas paralelas que é preciso atenção redobrada para perceber quais engrenagens estão em movimento. Sem falar que é um filme em que todos os personagens recebem atenção especial do roteiro.

James Gordon ganha um arco que desenvolve sua relação com a família e seu papel no intrincado jogo arquitetado por Batman. Lucius Fox (Morgan Freeman) vê-se, a certa altura, ante um dilema moral que pode comprometer seu futuro ao lado de Bruce Wayne. Rachael Dawes (Maggie Gyllenhaal) coloca-se entre os dois homens que representam a esperança da cidade. Os mafiosos de Gotham ganham face, especialmente a de Salvatore Maroni (Eric Roberts), que tenta reorganizar o crime em Gotham. É em torno da prisão dos criminosos que gira parte de trama de O Cavaleiro das Trevas, que leva Batman até Hong Kong em busca de um empresário peça-chave para colocar os bandidos atrás das grades - sua abdução é uma das seqüências mais empolgantes do novo filme, que também mostra maior apuro de Nolan no comando de cenas de ação. O Batman, desta vez, mostra como dar conta de dezenas de criminosos de uma vez só quase em um plano único, como em sua primeira cena, uma ponta-relâmpago do Espantalho (Cillian Murphy), que também revela a necessidade de um novo traje para o herói.

Este é, por sinal, um dos aspectos mais fascinantes deste mundo criado por Nolan para o Batman no cinema: tudo tem um motivo para existir, cada mudança é uma conseqüência orgânica da trama. Como o fantástico Batpod, que surge em uma das cenas que deve arrancar mais aplausos da platéia. Ou o mergulho nas trevas de Harvey Dent, que é absorvido por sua cruzada contra o crime e torna-se um dos personagens mais ambíguos e fascinantes do universo do Morcego, o Duas Caras. Sua desgraça nunca é gratuita, e é empurrada por ações caóticas do Coringa que testa não só os limites de Dent ou do Batman, mas também da cidade inteira. Ambivalência moral e os limites da sanidade num candidato a blockbuster do verão ianque é só uma das evidências de que, com O Cavaleiro das Trevas, Nolan mirou em criar um filme que transcende gêneros.

E que traz um ator no auge de sua habilidade, o que dimensiona ainda mais sua tragédia. Os fãs de Jack Nicholson podem começar a chorar, já que Heath Ledger criou o Coringa perfeito em qualquer mídia. Ele não é um palhaço, não é um sujeito que chama a atenção com gritos e caretas e risadas. Nas mãos de Ledger, o Coringa é um masoquista que pouco se preocupa com seu passado, um louco que provavelmente despertou de sua letargia quando Gotham foi tomada pelo Batman - e ele enxergou, finalmente, alguém digno de sua atenção. Os planos do Coringa vão além de dinheiro, além do sadismo sem propósito, além da ultraviolência que marca suas aparições. Como ele se define, é um cachorro que corre atrás do carro, mas não faz idéia o que fazer se o alcançar. Em sua loucura, porém, ele levanta um espelho que mostra quem nós somos e quem podemos nos tornar - e para onde a balança pende quando desespero e medo da morte entram na mistura.

Ledger fez dele o anarquisra perfeito, e sua imprevisibilidade dá o tom e carrega o filme. Ao contrário de outros (ótimos) blockbusters como Homem de Ferro ou Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, jornadas que trafegam em terreno familiar, o desfecho de Batman - O Cavaleiro das Trevas é uma incógnita a partir do primeiro segundo. Mas é um caminho que revela arquitetos da arte de fazer cinema travestido de entertainers. Estejam eles atrás das câmeras, sob o manto do Morcego ou em algum lugar inatingível, talvez observando seu legado e seu talento materializados num sorriso aberto com uma navalha.


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NOTÍCIAS

PABLO VILLAÇA - CINEMA EM CENA

. Acabo de voltar da cabine de The Dark Knight. Uau. Na realidade, como disse o colega Carlos Quintão na saída do filme, são dois capítulos em um.

E Ledger... que desperdício terrível, morrer tão jovem. Sua performance neste longa deixa a de Jack Nicholson em Batman terrivelmente pálida e inofensiva. Sempre que está em cena, tememos o que este sujeito sádico e instável irá fazer - e quando não está, tememos o que está planejando. Aliás, esta é a diferença básica entre os Coringas de Ledger e Nicholson (e que serve, até certo ponto, para diferenciar os Batmans de Nolan e Burton): se este último divertia o espectador com sua irreverência, levando-nos a desejar mais tempo ao seu lado em tela, o primeiro simplesmente assusta, apavora, intimida. Sua presença não é um fator de entretenimento, mas sim algo incômodo, amedrontador. É como um desastre de carro que atrai uma atenção mórbida, levando-nos a olhar para os destroços ao mesmo tempo em que desejamos nos afastar dali.

Filme excepcional. E olha que já sou fã do primeiro.

A propósito! As comparações com "O Poderoso Chefão", "Fogo Contra Fogo" e mais alguns clássicos procedem ou são exageradas?

Honestamente, não consigo enxergar relação com "O Poderoso Chefão". E sobre "Fogo Contra Fogo", há a polarização de Batman-Pacino x Coringa-De Niro, mas as similaridades param por aí. Se eu tivesse que citar dois filmes com referência a "The Dark Knight", pensaria em "Se7en" e "Clube da Luta", já que o Coringa é uma mistura de John Doe e Tyler Durden, em minha opinião.

Pablo, você acha que Dark Knight pode se tornar o primeiro filme de super-herói a ser indicado para melhor filme? E Ledger vai receber uma indicação póstuma? que outras categorias o filme tem chance?

Muito cedo para dizer, mas acho muito difícil que o longa vença o estigma de "filme de super-herói", embora seja mais um drama policial do que qualquer outra coisa (e a meia hora final, então, tem toques colossais de tragédia). Já Ledger certamente tem chances por ter morrido.

Vejam bem: acho, sim, que sua composição é digna de prêmios, mas normalmente a Academia não indicaria um ator por interpretar um super-vilão. Neste caso, porém, como será a última oportunidade de honrar o trabalho de Ledger, pode acontecer. Mas a esta altura é impossível bater o martelo.


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NOTÍCIAS
PAULO HENRIQUE SILVA - HOJE EM DIA

. Após o encontro com uma de suas vítimas, determinante para o surgimento de um segundo inimigo para Batman combater, Coringa sai do hospital de Gotham City disfarçado de enfermeira, com um desengonçado vestidinho branco e pequeno, que seria motivo de piada se quem estivesse atrás do personagem não fosse Heath Ledger. No lugar de risadinhas, muito comuns no seriado camp de Batman nos anos 60, que faziam do espalhafatoso criminoso uma criança crescida, o que vemos em Batman - O Cavaleiro das Trevas, principal estréia desta sexta-feira nos cinemas, é um vilão doentio e assustador, responsável por boa parte das altas doses de ação e suspense que envolvem a continuação.

A afirmação já responde a pergunta que todo fã está fazendo neste momento: sim, o ator, que teve sua carreira encerrada ainda jovem, ao morrer em janeiro após superdosagem de medicamentos, tem uma atuação impressionante, deixando para trás a interpretação de Jack Nicholson no Batman de Tim Burton, lançado há 20 anos. Se vai receber um Oscar póstumo de ator coadjuvante, aí é outra história, à mercê do humor dos acadêmicos. A fragilidade psicológica que cercou o australiano em seus últimos momentos contrasta com um desempenho forte e magnetizante, que mescla violência, loucura e uma mente prodigiosa, capaz de dar um grande nó em nosso herói.

A construção narrativa de O Cavaleiro das Trevas, a cargo do diretor Christopher Nolan, o mesmo que tirou o Homem-Morcego do limbo (leia-se: Batman & Robin) em Batman Begins, está baseada num jogo de gato e rato em que os papéis estão misturados, ora com o zelador de Gotham City à caça do Coringa, ora com o anárquico bandido no encalço do Morcego - a tal ponto que Bruce Wayne, a identidade secreta de Batman, não tem outra solução do que tirar a máscara em público. Sem precisar apresentar o protagonista, o que foi devidamente feito no filme anterior, Nolan entrou de sola na ação, sem dar fôlego ao espectador.

A cena de abertura já põe a platéia no meio de um golpe do Coringa, que rouba o dinheiro de mafiosos para provar que só ele pode deter Batman. O cineasta desdobra a ação em vários momentos, com episódios acontecendo simultaneamente a partir de uma estratégia bem simples, calcada no plano do grande vilão em espalhar a anarquia por toda a cidade. Duas seqüências capitais mostrarão a impotência do herói (vivido por Christian Bale), que não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, situação que o levará a enfrentar duas importantes perdas. A câmera está o tempo todo em movimento, mesmo numa troca de diálogos, imprimindo mais tensão à história.

Em meio a cenas espetaculares de perseguição e confronto, sobra ainda espaço para uma interessante discussão sobre a maldade presente no homem de nosso tempo. E não é através de Wayne que isso acontece, mas novamente com Coringa, o que só prova que o personagem não surge em Cavaleiro das Trevas como um mero adereço para as aventuras do Morcego.






O filme estréia amanhã num "Bat-cinema" perto de você. :lol: Editado por E.R
Postado

Já comprei meu ingresso para amanhã ! :D

Esse filme promete .

Chapolin Gremista
Postado

Já compre o meu ingresso terça-feira, sábado estou lá nos cinemas pra ver o melhor Batman de todos os tempos. :)

E pra quem não viu, o Trailer dublado:

oFJ7Yry2p18

Realmente um lixo, a voz do Curinga tá muito jovem. Ainda bem que verei legendado. :D

Postado

Nossa, eu assisti o trailer dublado no site nacional de "The Dark Knight" e fiquei assustado. Simplesmente D-E-S-T-R-U-Í-R-A-M todo o trabalho vocal do Heath Ledger! :angry:

Que horror! Não quero ver esse filme dublado nunca!

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