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"Não me misturo com a gentalha" - A História não contada de Dona Florinda

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Escrever hoje em dia é uma das poucas coisas que me dão prazer, afinal de contas não é fácil ter inspiração vivendo no meio da gentalha. Sei o que o jargão é um pouco antiquado, mas não encontro outra palavra para me referir a essas pessoas que moram aqui nessa vila horrível. Os anos se passaram, tive que fechar o restaurante pois já não encontrava uma clientela de categoria, Quico não mora mais comigo há muitos anos, Pópis voltou para sua casa para cuidar de sua mãe, minha única irmã, que está doente. Resolvi então escrever minha história para ter alguma ocupação.

Capítulo #1 O começo do glamour

Nasci em 08 de fevereiro de 1949 das famílias mais tradicionais do México: os Corcuera Vidialpando. Meu pai, Armando Corcuera, era dono da mais alta patente da Marinha Nacional e minha mãe, Anabel Vidialpando, fazia parte da Junta de Mulheres que organizavam as festividades referentes ao trabalho de meu pai.

Por volta dos 5 anos de idade tive contato pela primeira vez, pelo menos que eu me lembre, com uma dessas festas organizadas por meus pais. Lembro-me que minha irmã Ester, que era poucos meses mais nova, e eu adorávamos pelos salões de nossa casa para ver quais os vestidos as senhoras usariam naquela noite. Éramos as únicas crianças em meio aquela infinidade de adultos. Éramos tão pequenas que quase não víamos as caras das pessoas, limitando-nos algumas vezes a ver apenas as pernas dos convidados. A comida era farta, a música era muito agradável e o burburinho das conversas era contagiante. Por volta das 21h, Maria, nossa babá, nos encontrava e nos levava para nosso quarto sempre dizendo: - Vamos meninas, durmam! Amanhã virá o tutor para lhes ajudar com os estudos. Apenas 5 anos e já tínhamos um tutor particular, afinal de contas, não era correto que as irmãs Corcuera Vidialpando estudassem em uma escola comum. E assim acontecia todos os domingos.

Quando não tínhamos tarefas escolares, Ester e eu gostávamos de correr pelos jardins de casa. Ah, que jardins lindos! A nossa impressão era que os jardins eram infinitos, de tão grandes que pareciam ser. Próximo ao jardim principal, papai mandou construir uma casinha de bonecas em que pudéssemos entrar. Eu tinha uma boneca de porcelana que se chamava Augusta e Ester tinha uma de pano lindíssima de nome Serafina. As bonecas eram nossas companheiras da hora do chá na casinha de bonecas. Nos divertíamos tanto que quando menos esperávamos o céu já havia sido coberto pela noite e de longe era possível ouvir os gritos de Maria a nossa procura. Festas da Marinha Nacional, corridas pelos jardins, hora do chá com nossas bonecas... Ah,como eu adorava aminha vida!

Os anos foram passando e já não cabíamos na casinha de boneca, Augusta e Serafina não eram mais tão divertidas e as corridas no jardim se transformaram em breves caminhadas para ver o pôr do sol. Não era visto com bons olhos que nós, as belas irmãs Corcuera Vidialpando, prestes a completar 15 anos, ficássemos correndo como duas menininhas.

Agora depois de velha percebo que fui tola em não querer mais me divertir como quando era criança. Se o tempo pudesse voltar...

Próxima capítulo: "Meus 15 anos e um amor passageiro"

Espero que gostem e que me dêem um feedback!

E antes que falem: Sim, minha inspirei no "Diário do Seu Madruga" do Antônio Purcino.

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Texto grande, quando virar filme eu vejo! :muttley:

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Gostei da história, você escreve muito bem... Parabéns! :)

Aguardo o próximo capítulo. ^_^

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Parabéns pela história.

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Legal a historia parabéns.

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legal,gostei da historia.

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Legal, gostei da história :)

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Achei legal sim. Espero que possa continue.

Cada capítulo sairá semanalmente? Ou você não estipulou tempo?

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Capítulo #2 - "Meus 15 anos e um amor passageiro."

Lembro-me dessa festa como se fosse ontem. O dia inteiro de preparos. As criadas andavam de um lado para o outro carregando bandejas, toalhas, enfeites... Mamãe coordenava tudo, papai estava sempre verificando se estava tudo nos conformes e Ester me ajudava com a escolha do vestido, dos sapatos e das jóias. A cada instante o entregador chegava com um pacote para mim. Minha vontade era de abri-los no instante em que chegavam mas mamãe disse que não, só posso abrir no dia seguinte à festa.

Os convites foram entregues com meses de antecedência e todos os 600 convidados confirmaram presença. Ministros, capitães, marinheiros... Todas as pessoas importantes da capital foram convidadas. Finalmente Ester e eu escolhemos o vestido perfeito: Um longo rosa com pequenos cristais bordados e uma manga bufante que completava o look perfeito de uma princesa. É claro que naquela época nao usávamos a palavra "look" mas ja se passaram tantos anos que não me lembro do que dizíamos naquele tempo.

A festa estava perfeita! Caviar, champagne... As senhoras de longo, os senhores de smoking! Nada de cafieira, pinga de todo tipo, mulheres mulambentas e homens piores como quando resolvem fazer bagunça aqui nessa droga de vila.

Em dado momento da festa começou a chegar um grupo de Marinheiros recém-formados e que partiria em uma missao daqui a alguns dias. Um deles em particular me chamou atenção. Ele nao era nenhum galã de cinema: Tinha olhos que pareciam arregalados o tempo todo, bochechas maiores que um mamão e um jeito de falar e andar muito peculiar. Enquanto eu olhava para esse rapaz, Ester me pegou pelo braço para que fôssemos conversar com esse grupo de Marinheiros. Todos exibiam seus músculos e contavam suas conquistas, menos o marinheiro bochechudo, que estava quieto aguardando a hora de nos cumprimentar.

- Parabéns, Florinda! Linda festa!

- Obrigada, rapaz. Mas como você se chama?

- Ah, perdão. Me distraí e esqueci de me apresentar.

- É que ele chegou tarde na distribuição de cérebros. - Gritou um dos marinheiros.

Nesse instante, vários outros começaram a proferir impropérios ao rapaz, que estava ficando vermelho de raiva ou, talvez, vergonha.

- Ah, calem-se, calem-se, calem-se que vocês me deixam louco! - Disse o bochechudo.

A festa parou. Os garçons pararam de servir, os convidados pararam de conversar e a orquestra parou de tocar com o grito do marinheiro bochechudo. Não fiquei constrangida como Ester, ate dei um sorriso para o rapaz, que sem-graça se despediu.

- Com licencinha! - Disse e saiu correndo para fora do salão.

- Ah, minha irmã, - Me dirigi a Ester - esse rapaz me fascinou e eu nem sequer soube seu nome.

O constrangimento de Ester era tão grande que ela nem me respondeu.

- Não aconteceu nada! - Disse meu pai. - Maestro, toquem para Florinda!

E a festa voltou ao normal.

Próximo capítulo: "Saindo de casa."

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gostei ^_^

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