Postado 28 de Agosto de 2023 2 anos NOTÍCIAS A biografia " Britney Spears : A Mulher em Mim" custou pelo menos R$ 1 milhão para a editora Buzz. Isso, apenas de pagamento de direitos autorais. É o maior investimento da editora em um único livro. Com lançamento mundial previsto para o dia 24 de outubro de 2023, o livro sairá, no Brasil, com uma tiragem inicial de 100 mil exemplares, segundo a editora. A obra já está em pré-venda e já ultrapassou 11 mil exemplares comercializados. Fonte : https://www.estadao.com.br/cultura/babel/biografia-de-britney-spears-e-o-maior-investimento-da-historia-da-buzz-veja-quanto-a-editora-pagou/
Postado 21 de Setembro de 2023 2 anos NOTÍCIAS A rede de livrarias Saraiva, que está em processo de recuperação judicial desde 2018, demitiu o restante de seu corpo de funcionários nesta quarta-feira. Os cerca de 150 colaboradores dispensados estavam distribuídos entre as áreas administrativas, na sede da companhia, e as cinco lojas físicas restantes no país. A informação foi publicada pelo site PublishNews e confirmada pela Folha. Com as demissões, a operação da empresa deve ficar comprometida, com as unidades físicas e o site saraiva.com possivelmente inoperantes a partir desta quinta-feira. Fonte : https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/saraiva-demite-todos-os-funcionarios-e-pode-fechar-ultimas-5-livrarias-nesta-quinta-21.shtml
Postado 23 de Novembro de 2023 1 ano NOTÍCIAS 22/11/1963 60 anos da morte de Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo Ele morreu nos EUA em 22 de novembro de 1963 Hoje, a morte de Aldous Leonard Huxley (1894-1963), escritor inglês, completa 60 anos. Ele é considerado um dos grandes autores da literatura caracterizada por enredos que se passam em épocas futuras, chamado por alguns críticos de “literatura distópica”. Huxley nasceu em Godalming, Inglaterra. Seu primeiro livro foi uma coletânea de poemas publicada em 1916. Seu primeiro romance, Férias em Crome, foi publicado em 1921. Seu sucesso como escritor, no entanto, ocorreu em 1928. Huxley é autor de Admirável Mundo Novo, um clássico da literatura. O livro descreve uma sociedade futura em que as pessoas são condicionadas geneticamente e psicologicamente para se conformarem com as regras sociais. A história se passa em Londres no ano de 2540 e a sociedade é dividida em castas e os bebês são produzidos em laboratórios. Os indivíduos são controlados por uma predisposição biológica e não têm liberdade de escolha. Huxley viveu na Itália durante o regime fascista de Mussolini, o que influenciou seus livros. Anos depois, mudou-se para Hollywood para trabalhar como roteirista. Ele morreu nos EUA em 22 de novembro de 1963. https://causaoperaria.org.br/2023/60-anos-da-morte-de-aldous-huxley-autor-de-admiravel-mundo-novo/
Postado 2 de Dezembro de 2023 1 ano NOTÍCIAS CAMPANHA REACIONÁRIA O “racismo” de Monteiro Lobato e a extinção da literatura A insistência em detratar um dos grandes escritores brasileiros serve aos interesses daqueles que querem atacar as conquistas nacionais A Folha de S. Paulo publicou uma reportagem sobre uma entrevista com a escritora de literatura infanto-juvenil, Ruth Rocha, que está lançando um novo livro. Na maior parte do artigo, apenas a divulgação do novo livro e causos da vida da escritora. O que chamou a atenção, no entanto, foi o destaque dado a uma declaração de Ruth Rocha sobre Monteiro Lobato: “Parou de presentear as pessoas com a obra de Monteiro Lobato depois que a filha de sua funcionária se queixou de uma história em que havia a expressão ‘negra beiçuda’. ‘Falei pra ela: ‘Você tem toda a razão de não gostar. Tá tudo errado, isso é muito feio mesmo'”. A primeira coisa que chama a atenção é a preocupação da Folha de S. Paulo em destacar a acusação de racista contra Monteiro Lobato. Um dos grandes escritores da literatura nacional e um dos maiores escritores de literatura infantil do mundo é constantemente avacalhado como sendo racista. Além do identitarismo ignorante, com sérias deficiências de interpretação de textos, a política por trás dessa campanha é avacalhar um importante personagem da história e da cultura brasileiras. É o que explica a insistência de um jornal burguês como a Folha, acostumado a atacar qualquer posição de esquerda, a parecer preocupado com o racismo. Pelo contexto do artigo, podemos concluir que Ruth Rocha era uma admiradora de Monteiro Lobato a ponto de presentear os amigos com os livros do escritor paulista. Devemos crer também, segundo a reportagem, que a opinião da filha da funcionária da escritora teve um peso muito grande na opinião de Ruth Rocha, em seus 92 anos de idade e uma carreira literária de mais de 50 anos. Tudo muito estranho, mas a Folha faz questão de mostrar: “Lobato era racista”, ou melhor, o que ele escreveu era “feio”, como diz a reportagem. Segundo a reportagem, a expressão “negra beiçuda” seria a prova do racismo. Se Monteiro Lobato estivesse vivo, a filha da funcionária de Ruth Rocha talvez pudesse ensina-lo a escrever mais “bonito”: “mulher afro-descendente com lábios grossos”. Será que essa expressão satisfaz aos patrulheiros da literatura de Lobato. O problema é que, no fim das contas, o conteúdo é o mesmo. E se o conteúdo é o mesmo, não pode haver racismo, nem no primeiro caso, nem no segundo. Achar a primeira expressão “feia” é um direito de cada um. Já a insinuação de racismo, que é o real motivo para a afirmação de que a expressão é “feia”, não procede de jeito nenhum. Se Monteiro Lobato escrevesse como no segundo caso, ele não seria Monteiro Lobato. Lobato foi um dos principais defensores do uso da linguagem popular em sua literatura. Seus biógrafos afirmam que os estudos de expressões regionais feitos por Lobato e usados em seus livros ajudou a aumentar os verbetes dos dicionários da época. A expressão “negra beiçuda” pode não ser nenhuma novidade, mas com certamente é a maneira que o povo fala nas ruas. Negra é uma mulher de pele escura, beiçuda é uma pessoa de beiços ou lábios grandes, grossos ou carnudos, como queira. Qual seria o problema da expressão, a princípio nenhum. Outra alegação dos detratores de Lobato é que expressões desse tipo colaboram para criar uma caricatura do negro. O problema é que preocupações como essa mostram que o melhor seria extinguir toda a literatura, afinal, grande parte dos personagens literários, senão todos, são um tipo de caricatura. Outras teses absurdas como essa são apresentadas contra Monteiro Lobato. A realidade é que toda essa campanha serve apenas para desmoralizar um grande nome da literatura brasileira. Mais ainda, serve para esconder o caráter nacionalista desse escritor. https://causaoperaria.org.br/2023/o-racismo-de-monteiro-lobato-e-a-extincao-da-literatura/ Editado 2 de Dezembro de 2023 1 ano por E.R
Postado 9 de Dezembro de 2023 1 ano NOTÍCIAS LITERATURA 9/12/1977: 46 anos da morte de Clarice Lispector Escritora é considerada uma das mais influentes da literatura do século XX Hoje, a morte da escritora Clarice Lispector completa 46 anos. Nascida Chaya Pinkhasovna Lispector em 10 de dezembro de 1920, na Ucrânia, foi uma renomada autora e jornalista brasileira, considerada uma das mais influentes da literatura do século XX. Fugindo da Guerra Civil Russa, sua família imigrou para o Brasil quando ela tinha apenas um ano de idade, fixando residência no Recife. A autora passou a infância na capital pernambucana e, mais tarde, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde concluiu seus estudos, formando-se em Direito. Aos 23 anos, casou-se com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem teve dois filhos. A vida de diplomata levou Clarice a residir em diferentes países, como Estados Unidos, Itália e Suíça. Clarice Lispector iniciou sua carreira literária como cronista e jornalista, mas foi com a publicação de seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem (1943), que conquistou reconhecimento e prêmios. A obra inovadora e intimista já revelava a originalidade de sua escrita, explorando as personagens e abordando temas como identidade, solidão e existência. Outras obras notáveis de Clarice Lispector incluem O Lustre (1946), A Cidade Sitiada (1949) e A Maçã no Escuro (1961). Entretanto, foi com A Hora da Estrela (1977) que ela alcançou grande destaque. A obra fala de Macabéa, uma nordestina pobre que busca uma vida melhor no Rio de Janeiro. Sua escrita é caracterizada por uma prosa poética, introspectiva e experimental, frequentemente desafiando as convenções literárias. Seu trabalho transcendeu fronteiras, conquistou leitores não apenas no Brasil, mas também ao redor do mundo. Além de seus romances, Lispector também deixou um legado significativo como contista. Laços de Família (1960) é uma coletânea de contos que reforça sua habilidade em explorar a complexidade das relações humanas e a psicologia das personagens. Faleceu em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de completar 57 anos, deixando um impacto duradouro na literatura brasileira e sendo reconhecida como uma das grandes autoras do século XX. https://causaoperaria.org.br/2023/9-12-1977-46-anos-da-morte-de-clarice-lispector/
Postado 12 de Dezembro de 2023 1 ano NOTÍCIAS DIA DE HOJE NA HISTÓRIA 12/12/1877: 146 anos da morte de José de Alencar José de Alencar é mais um gênio da literatura brasileira que hoje a cultura identitária tenta jogar na lata do lixo José Martiniano de Alencar, nascido no interior do Ceará, em 1829 é considerado um dos maiores nomes da literatura romântica do Brasil. Além de romancista, o escritor foi ainda jornalista e advogado, e também participou da política institucional no parlamento imperial. Filho de José Martiniano de Alencar, senador do Império, Alencar mudou-se para o Rio de Janeiro ainda bastante menino e depois para São Paulo, onde estudou Direito na faculdade do Largo de São Francisco. Como político, Alencar defendeu causas bastante progressistas para sua época, como a abolição da escravidão, o direito ao voto para as mulheres e o instituto jurídico do habeas corpus, dispositivo jurídico que impede a prisão de um réu durante o desenvolvimento de seu processo. Como escritor foi bastante influenciado pela leitura de gênios da literatura como, dentre outros, Balzac, Alexandre Dumas, Victor Hugo, Chateaubriand e Lord Byron. Em 1847, fundou a revista chamada “Ensaios Literários” por meio da qual iniciou a construção de suas obras literárias. Sua primeira obra publicada em 1856 foi o romance “Cinco Minutos” a partir do qual se seguiu uma vasta obra deixada pelo autor, morto aos 48 anos de idade. Expoente dos escritores da primeira geração romântica no Brasil (1836 – 1852), cuja característica principal das obras eram a exaltação do nacionalismo brasileiro e do heroísmo da figura do índio, as principais obras de José de Alencar foram “O Guarani”, “Iracema” e “Ubirajara”, trabalhos que exaltavam esses aspectos peculiares do início do romantismo. De tudo o que produziu, sua obra mais marcante, sem dúvida alguma, foi “O Guarani”, publicada em folhetins, em 1857. Pioneira, a obra “O Guarani” apontou o índio brasileiro como uma figura central na formação do povo brasileiro, contribuindo imensamente para a criação de uma personalidade própria a um povo que havia acabado de se tornar independente do seu colonizador, no caso, Portugal. Infelizmente, em tempos de verdadeira destruição cultural provocada pela política identitária, a principal obra de José de Alencar vem sendo duramente atacada pelos bárbaros identitários. Recentemente a ópera “O Guarani” de Carlos Gomes, baseada na obra de Alencar, foi apresentada no Theatro Municipal de São Paulo com uma “releitura” produzida pelo índio do PSDB, Ailton Krenak. A “releitura” de Krenak conseguiu aniquilar o espírito da obra, entregando no principal palco do País, uma verdadeira esculhambação da cultura nacional. Além da apresentação do Theatro Municipal, também é preciso destacar que a Universidade de São Paulo (USP) anunciou a abolição de “autores homens” em sua lista de obras exigidas para o vestibular do próximo ano, em mais uma verdadeira sabotagem contra os grandes cânones da literatura brasileira. https://causaoperaria.org.br/2023/12-12-1877-146-anos-da-morte-de-jose-de-alencar/ Editado 12 de Dezembro de 2023 1 ano por E.R
Postado 16 de Dezembro de 2023 1 ano NOTÍCIAS LITERATURA BRASILEIRA 16/12/1865: nasce Olavo Bilac, maior escritor do Parnasianismo Sua vida e obra deixaram uma marca indelével, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da poesia brasileira no final do século XIX e início do século XX No dia 16 de dezembro de 1865, nascia Olavo Bilac, uma figura imponente na história da literatura brasileira e o expoente máximo do movimento parnasiano. Sua vida e obra deixaram uma marca indelével, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da poesia brasileira no final do século XIX e início do século XX. Bilac, além de poeta, era jornalista, advogado e contista, destacando-se em diversas áreas do campo literário. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, demonstrando o reconhecimento de seus pares quanto à sua relevância e contribuição para a cultura nacional. O Parnasianismo, movimento literário que se opunha ao sentimentalismo romântico, encontrou em Bilac um de seus maiores defensores e praticantes. Caracterizado pela busca pela perfeição formal, pela precisão vocabular e pela ênfase na objetividade, o Parnasianismo encontrou em Bilac um mestre na arte de esculpir versos com elegância e rigor. Entre suas obras mais conhecidas, destacam-se os sonetos, nos quais Bilac exibiu seu talento inigualável na escolha meticulosa das palavras e na construção cuidadosa dos versos. “O Caçador de Esmeraldas” e “Via-Láctea” são exemplos emblemáticos de sua poesia que ecoam até os dias atuais. Além do domínio técnico, Bilac contribuiu para a consolidação de uma identidade literária brasileira, incorporando elementos nacionais em sua obra, e foi um fervoroso defensor do patriotismo. Sua atuação como propagandista da língua portuguesa e da cultura brasileira demonstra o comprometimento de Bilac com a construção de uma identidade literária genuinamente nacional. Ao celebrar o aniversário de nascimento de Olavo Bilac, é impossível não reconhecer sua magnitude como um dos maiores escritores do Parnasianismo e sua inestimável contribuição para a riqueza e diversidade da literatura brasileira. Seu legado permanece vivo nas páginas de seus poemas, continuando a inspirar gerações e a consolidar seu lugar de destaque no panteão literário nacional. https://causaoperaria.org.br/2023/16-12-1865-nasce-olavo-bilac-maior-escritor-do-parnasianismo/
Postado 23 de Dezembro de 2023 1 ano NOTÍCIAS LITERATURA BARROCA 23/12/1636: nasce Gregório de Matos, o ‘Boca do Inferno’ Além de sua carreira jurídica, Gregório de Matos era conhecido por sua participação ativa na vida política da Bahia Gregório de Matos Guerra, nascido por volta de 1636 em Salvador, Bahia, e falecido em 1696 na mesma cidade, foi um dos mais destacados poetas do período barroco na literatura brasileira e é conhecido como “Boca do Inferno” devido à sua língua afiada e crítica. Sua vida foi marcada por uma mistura de talento literário, atividade política e uma personalidade irreverente. Gregório de Matos pertencia a uma família abastada, sendo filho de Gregório de Matos e Maria da Guerra. Estudou no Colégio dos Jesuítas em Salvador e, posteriormente, na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde cursou Direito. Após completar seus estudos, retornou a Salvador em 1672 e começou a exercer a advocacia. Além de sua carreira jurídica, Gregório de Matos era conhecido por sua participação ativa na vida política da Bahia. Ele esteve envolvido em diversos conflitos políticos e sociais da época, frequentemente expressando suas opiniões através de suas obras literárias. Sua produção literária é marcada por uma linguagem rica e repleta de figuras de linguagem características do Barroco. Seus poemas abrangem temas diversos, desde críticas sociais e políticas até sátiras e poesia lírica. Gregório de Matos é especialmente reconhecido por suas sátiras mordazes que denunciam a hipocrisia e os costumes da sociedade colonial brasileira. Em 1694, o acúmulo de acusações de difamação, em especial contra membros da igreja ou símbolos religiosos, resultou em uma deportação para Angola. A posição social do poeta e suas relações com figuras do poder ajudaram com isso a evitar o assassinato ou penas mais duras do que a deportação. Em Angola, Gregório ajudou o governo português a combater uma conspiração militar e com isso foi autorizado a voltar ao Brasil. No entanto, proibido de voltar à Bahia. Acabou morrendo em Recife por conta de doença contraída ainda em Angola, aos 59 anos. Deixou uma vasta produção literária, onde conciliou rigor no estilo com um conteúdo livre das regras sociais da sua época. Mais um dos grandes escritores da língua portuguesa nascidos no Brasil. Gregório de Matos deixou uma considerável produção poética, que abrange uma variedade de temas e estilos. Suas obras são geralmente classificadas em três categorias principais: lírica, satírica e religiosa. Alguns de seus poemas mais conhecidos incluem: Lírica Soneto à Noite: este soneto expressa a beleza e o encanto da noite, utilizando imagens poéticas e elementos da natureza; A uma Dama que, vendo-se pintada: um poema lírico que reflete sobre a natureza efêmera da beleza e a vaidade da mulher que se pinta; Soneto à Morte: neste soneto, Gregório de Matos aborda a temática da morte, comum na poesia barroca, explorando aspectos filosóficos e existenciais. Satírica Sátira aos Vícios: uma de suas sátiras mais conhecidas, onde critica os vícios da sociedade colonial brasileira, incluindo a corrupção, a hipocrisia e a moralidade duvidosa; Carta a Cotrim: uma sátira direcionada a um contemporâneo, na qual Gregório de Matos expressa suas opiniões de maneira contundente e irônica. Religiosa Sermão da Sexagésima: embora seja mais conhecido por sua poesia, Gregório de Matos também escreveu sermões. “Sermão da Sexagésima” é um de seus mais famosos e trata da pregação eficaz; Sermão de Santo Antônio: outro exemplo de seu trabalho na forma de sermão, abordando temas religiosos e morais. Gregório de Matos faleceu em 1696, deixando um legado literário que influenciou gerações posteriores de escritores e poetas. Sua obra continua sendo objeto de estudo e apreciação, destacando-se como uma representação importantíssima do Brasil colonial no século XVII. https://causaoperaria.org.br/2023/23-12-1636-nasce-gregorio-de-matos-o-boca-do-inferno/
Postado 31 de Dezembro de 2023 1 ano NOTÍCIAS COLUNA ‘O Cortiço’, de Aluísio Azevedo Denúncia social e crise revolucionária da Proclamação da República Publicado em 1890, ou seja, um ano após a Proclamação da República e dois após a Abolição, o romance de Aluísio Azevedo retrata um Brasil que passava por tais transformações revolucionárias. Por meio das teses naturalistas vigentes entre os intelectuais da época, Azevedo procura não apenas mostrar a sociedade brasileira, como compreendê-la. É a busca, tão presente entre a intelectualidade, da chamada “identidade nacional”, tema que será constante entre todos os movimentos intelectuais até as vanguardas modernas do século XX. Pode-se dizer que, desde os românticos, essa preocupação existiu de maneira mais organizada. Enquanto os românticos buscavam a identidade nacional criando heróis ideais, no entanto, os naturalistas procuravam num cientificismo a explicação de nossa formação social e cultural. Como parte dessa preocupação também está a denúncia social. O autor de O Cortiço se volta para as camadas baixas da sociedade numa Rio de Janeiro em lento processo de modernização e urbanização. Otto Maria Carpeaux, em sua História da literatura Ocidental, afirma que, ainda que tenha “os defeitos dos naturalistas menores e seja pouco original” se comparado aos grandes expoentes internacionais dessa corrente, os romances de Aluísio Azevedo “sugerem até hoje a impressão de ‘cheio de vida’; e o mérito de ter descoberto a vida baixa na capital brasileira dá valor permanente a romances que já se transformaram em documento de sociologia histórica.” As teses levantadas por Azevedo nem sempre são corretas, muitas vezes são confusas, mas refletem bem o esforço da intelectualidade nacional em busca da “essência” da sociedade brasileira. A ressalva é importante pois, logicamente, apesar do esforço de apresentar teses científicas, não podemos exigir do autor o máximo rigor e devemos analisar o livro como obra de arte, não como tratado sociológico, mas como um documento sociológico, como destaca Carpeaux. O naturalismo O naturalismo brasileiro está ligado ao processo revolucionário da crise do Segundo Império, que resultaria na abolição da escravidão em 1888 e na Proclamação da República em 1889 e que se radicaliza nos anos seguintes. As idéias materialistas e positivistas, que vinham dos movimentos revolucionários europeus de um século antes disso, tornaram-se a cobertura ideológica para os ideais republicanos e abolicionistas que unificaram a intelectualidade brasileira, ou seja, a ala mais progressista da burguesia nacional contra a dominação monárquica do Segundo Império. A crise do regime político do Segundo Império assume enormes proporções e desemboca em um movimento revolucionário. Tal movimento de rejeição ao regime político se expressou no terreno das artes, na forma de uma ruptura com as correntes estabelecidas. O romantismo, corrente que se estabeleceu até as primeiras décadas da segunda metade do Século XIX se tornando a expressão literária oficial do Segundo Império. O convencionalismo em que caíra o romantismo, com fórmulas transformadas em clichês, acompanha a crise política do regime e não dá conta dos novos ideais que os revolucionários defendiam. É nesse momento que surgem o realismo e o naturalismo, na prosa, e o parnasianismo, na poesia. A linguagem sentimental e espiritualista do romantismo dá lugar a uma atitude rigorosa, e à busca pela perfeição formal e técnica, a frieza racional. O naturalismo é, portanto, a expressão desse movimento revolucionário que começa “por cima”, com a crise política resultante da divisão da burguesia no final do Império e acaba se refletindo nos “debaixo”, ou seja, nas camadas mais pobres da população. Essa é a origem da preocupação de Aluísio Azevedo com retratar as camadas baixas da capital brasileira. A preocupação é tão notável, que o autor, de família abastada, de fato vai viver em um cortiço para a partir de suas observações poder escrever o romance. A denúncia da situação social daquela gente do cortiço, composta por trabalhadores de vários tipos e origens é a marca do romance. Mas ali está também a denúncia da hipocrisia da burguesia que está disposta às maiores imoralidades para se enriquecer. É esse o retrato de João Romão, proprietário do cortiço, e de Miranda, dono do casarão vizinho e até mesmo dos setores moderados do movimento abolicionista, que surpreendem como uma instituição social de aparência. Nesse sentido, a preocupação com as classes sociais mais pobres, indicam uma radicalização do movimento revolucionário que influenciou a literatura. O caráter progressista do interesse e do empenho de Azevedo pode ser comparado, com as devidas ressalvas, ao que Friedrich Engels desenvolveu de forma acabada, como um verdadeiro tratado histórico e sociológicos, em sua Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra (1845), livro que, por assim dizer, assentou as bases da análise materialista da economia e iluminou o caminho para a pesquisa científica que culmina com O Capital de Karl Marx (1867). Formação da sociedade brasileira No romance, cada personagem, cada acontecimento importante e cada conflito têm um objetivo. Aluísio Azevedo está mais preocupado em provar suas teses, retratar os ambientes e a vida das classes sociais do que propriamente contar uma história. Não seria justo dizer que O Cortiço não tenha uma trama interessante. Pelo contrário, a história, os diálogos, os conflitos, as descrições vão atraindo o leitor conforme a história flui. A principal preocupação do autor está, evidentemente, nos aspectos objetivos da realidade social. A “personagem” principal é o próprio cortiço, a quem Aluísio dá vida própria por meio de seus moradores. E é justamente nas relações de seus moradores, na descrição do caráter de cada uma das personagens, que o autor busca desenvolver suas teses. A história toda é recheada de episódios cujo objetivo do narrador é apresentar algum aspecto da cultura nacional, alguma consideração sobre o caráter do povo. A descrição da personagem Jerônimo é um exemplo bastante interessante de como o autor procura compreender a própria formação do povo brasileiro. Jerônimo é um português e operário que vem ao cortiço trabalhar na pedreira de João Romão, proprietário do cortiço. O romance marca bem a personalidade inicial do português. Um homem metódico, dedicado ao trabalho e à família, recluso, que sonha retornar a Portugal. A situação vai se modificando progressivamente tanto mais ele se adapta ao ambiente brasileiro e muda completamente quando ele tem contato e se apaixona pela mulata Rita Baiana. Na relação entre os dois, o escritor tem o pretexto para descrever a transformação do português em brasileiro, uma alegoria para a própria formação social brasileira: “Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo e alando-lhe os sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo e amoroso. A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam-lhe agora aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos de ambição; para idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava-se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia-se preguiçoso resignando-se, vencido, às imposições do sol e do calor, muralha de fogo com que o espírito eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou a pátria contra os conquistadores aventureiros. E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou-se. (…) A revolução afinal foi completa: a aguardente de cana substituiu o vinho; a farinha de mandioca sucedeu à broa; a carne-seca e o feijão-preto ao bacalhau com batatas e cebolas cozidas; a pimenta-malagueta e a pimenta-de-cheiro invadiram vitoriosamente a sua mesa; o caldo verde, a açorda e o caldo de unto foram repelidos pelos ruivos e gostosos quitutes baianos, pela muqueca, pelo vatapá e pelo caruru; a couve à mineira destronou a couve à portuguesa; o pirão de fubá ao pão de rala, e, desde que o café encheu a casa com o seu aroma quente, Jerônimo principiou a achar graça no cheiro do fumo e não tardou a fumar também com os amigos.” Note como o narrador atribui a mudança da personalidade de Jerônimo ao meio natural e social em que ele se insere. A síntese do homem brasileiro está descrita ali naquela fusão do europeu com o negro e o mulato. E não se trata apenas de uma descrição biológica, mas mais ainda de uma descrição cultural. Até mesmo o fado, que o português cantava à janela de sua casa no cortiço, vai sendo gradualmente substituído, no interesse do português, pelo samba: “A guitarra! substituiu-a ela pelo violão baiano”. As teses naturalistas são usadas por Aluísio Azevedo para a formação do caráter das personagens. No naturalismo, a moral está completamente desnuda, não é nada mais do que a cobertura do meio natural e social. Embora se possa notar excessos em algumas caracterizações, não há dúvida de que, do ponto de vista artístico e do esforço do escritor por compreender o Brasil, o livro é uma grande obra de arte. O esforço para compreender a “identidade nacional” está nas relações sociais e na caracterização das personagens, mas está também nas cenas cotidianas nas quais são mostradas a roda de pagode, a capoeira, o café e a cachaça: toda a cultura popular brasileira está presente na narrativa. A denúncia social Alguns críticos assinalam que Aluísio Azevedo, exagera ao destituir de moralidade todas as personagens. Em seu romance, ninguém está a salvo. Tal crítica, no entanto, não parece muito precisa, primeiro pois os esforços do autor estão voltados justamente para a ausência de moral, ou melhor dizendo, para provar que a moral não é nada mais do que um produto do meio. Em segundo lugar, porque o autor, se por um lado desnuda a moralidade ao descrever as personalidades, de outro, não ignora o efeito que a convivência social exerce sobre os indivíduos, ou seja, ao estarem subordinados à sociedade, são capazes, por exemplo, de se unificar em torno de interesses coletivos. Assim, uma espécie de “moral” coletiva se sobrepõe sobre o indivíduo. Um bom exemplo é a passagem do livro na qual é narrada uma invasão do cortiço pela polícia: “De cada casulo espipavam homens armados de pau, achas de lenha, varais de ferro. Um empenho coletivo os agitava agora, a todos, numa solidariedade briosa, como se ficassem desonrados para sempre se a polícia entrasse ali pela primeira vez.” O trecho é bastante revelador. No Rio de Janeiro da segunda metade do Século XIX, o tratamento da população pobre pela polícia era exatamente o mesmo de hoje. Aluísio Azevedo não fica apenas nesta denúncia. Procura mostrar a consciência coletiva da população contra a violência do Estado, a ponto de se unir para impedir a invasão policial. Se de um ponto de vista individual as personagens não estão “salvas” moralmente, de um ponto de vista social elas estão dispostas a agir coletivamente em torno de seus interesses materiais que, em última instância, são o verdadeiro motor dos movimentos sociais. Ao contrário do que exige a esquerda pequeno-burguesa, acadêmica, idealista e portanto anticientífica, mesmo que destituídas de ideologia ou qualquer moralidade, as classes oprimidas são capazes de se levantar contra a opressão. Tal pode ser uma das conclusões políticas mais importantes da leitura desse romance nacional, publicado em 1890, mas que continua “cheio de vida” e revolucionário. https://causaoperaria.org.br/2023/o-cortico-de-aluisio-azevedo/
Postado 2 de Janeiro de 2024 1 ano NOTÍCIAS COLUNA A literatura de Júlia Lopes de Almeida Contemporânea de Machado de Assis e Aluízio de Azevedo, foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, principal instância de consagração literária do Brasil São muitos os exemplos de grandes escritores que não granjearam o devido reconhecimento ao seu tempo. O exemplo mais conhecido da literatura nacional é o de Lima Barreto. O grande cronista do subúrbio carioca, sátiro da sociedade brasileira da Velha República, não teve o devido reconhecimento do público de seu tempo. Hoje, por outro lado, sabe-se que o seu Policarpo Quaresma tem a mesma relevância nacional (e até um evidente paralelo) com o Dom Quixote de Cervantes. Cada qual sintetizava, ainda que de forma irônica, a cultura nacional, respectivamente brasileira e ibérica. Transcorreram, contudo, muitos anos até que Lima Barreto fosse alçado a um dos mais importantes escritores brasileiros. O caso de Júlia Lopes de Almeida vai em sentido contrário. Foi a mulher mais lida no Brasil da Primeira República. Contemporânea de Machado de Assis e Aluízio de Azevedo, foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, principal instância de consagração literária do Brasil. Por outro lado, assim como Lima Barreto, a nossa escritora teve de lidar com as terríveis vicissitudes relacionadas aos preconceitos da época. Barreto por ser negro, lidou e descreveu em seus livros o desprezo e a discriminação seculares relacionados a um país recém egresso da escravidão. E Júlia Lopes, por ser mulher, teve que arcar com dificuldades relacionadas a momento histórico em que a literatura era uma atividade exclusivamente masculina. Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida nasceu em 24 de setembro de 1862 no Rio de Janeiro, ou mais exatamente num casarão na Rua do Lavradio, onde se localizava o Colégio de Humanidades, então presidido por seu pai. Entre os sete e os vinte e três anos vive em Campinas, no interior de São Paulo, onde se inicia o seu interesse pela literatura. Numa entrevista concedida a João do Rio em 1905, Lopes conta que na adolescência fazia versos escondida: fechava-se num quarto, abria a secretária, escrevia seus poemas e silenciosamente os guardava na gaveta fechada à chave. Esta experiência irá posteriormente se expressar nos seus livros, marcados por um estilo intimista. Sua literatura tem sempre uma atmosfera de interiorização, como se ela escrevesse voltada para dentro. Tal qual a adolescente trancada num quarto, fazendo algo que àquela época era inadmissível a uma mulher. Ainda em Campinas, Lopes começa a escrever para jornais. Seu primeiro artigo tratou de uma peça teatral que se passou na cidade do interior paulista. Seu pai, também escritor, foi inicialmente convidado a resenhar o espetáculo. Alegando não ter tempo, incumbiu sua filha de elaborar o texto. E aos 19 anos, Júlia começaria uma carreira literária que envolveria a publicação de mais de trinta livros, além de ampla participação no jornalismo carioca. Influenciada por escritores realistas e naturalistas dos fins de XIX, Lopes ocupou-se de retratar o Brasil do início dos anos 1900. É próxima das ideias abolicionistas e republicanas, a despeito de seus livros apenas muito remotamente ter conteúdo mais explicitamente político. Ela descreve os primeiros anos da República Velha, a ascensão de uma burguesia citadina ligada ao comércio do café e a transição da economia escravocrata para a sociabilidade capitalista. Mas o faz com um olhar feminino, atenta aos detalhes, focada nas emoções e nos influxos de pensamento no bojo dos quais os seus personagens agem. Pensamento, sentimento, hesitações, as ambiguidades da alma têm igual ou maior importância do que os atos dos seus personagens. Uma extrema delicadeza, sensibilidade e lirismo denotam um estilo que podemos chamar de “feminino.”. Não se tratava, por outro lado, de uma literatura propriamente “feminista”, epíteto que não era utilizado à época, mas, se fosse, certamente não seria reivindicado por nossa escritora. No seu livro mais conhecido, “A Falência” (1915) a escritora de certa forma confronta alguns preconceitos da época, ao alçar como protagonista da história uma mulher que trai o marido. Camila, esposa de um capitalista ligado ao comércio do café, mantém por seu marido um amor de amizade e respeito, mas ama maritalmente o Dr. Gérvasio, com quem mantém a tal relação extraconjugal, que é de conhecimento de todos, menos do seu distraído marido. Contudo, poderíamos dizer que o seu “feminismo” para por aqui. Não há propriamente uma insurgência em face dos papeis tradicionais reservados à mulher, uma oposição às tarefas de educação dos filhos e cuidados domésticos atribuídos à dona de casa. Júlia Lopes ela própria soube bem conciliar (sem qualquer manifestação de “revolta”) o seu papel de escritora, esposa, mãe e dona de casa. O que ela postulava basicamente era a educação moral da mulher e alguma compaixão da mulher infiel, sempre apontando que o mesmo dever de fidelidade não era socialmente cobrado dos homens. Defendia a capacitação profissional da mulher para o trabalho remunerado dentro ou fora de casa. É o que consta do seu livro “A mensageira”: “Os povos mais fortes, mais práticos, mais ativos, e mais felizes são aqueles onde a mulher não figura como mero objeto de ornamento; em que são guiadas para as vicissitudes da vida com uma profissão que as ampare num dia de luta, e uma boa dose de noções e conhecimentos sólidos que lhe aperfeiçoem as qualidades morais. Uma mãe instruída, disciplinada, bem conhecedora dos seus deveres, marcará, funda, indestrutivelmente, no espírito do seu filho, o sentimento de ordem, de estudo e do trabalho de que tanto carecemos…” (1897). No que toca ao seu citado romance “A Falência”, a realidade social da família burguesa citadina, enriquecida pela até então pujante economia do café, enseja personagens mulheres que se dedicam aos cuidados da casa, às leituras e ao ócio. As visitas da casa de Camila dedicam-se à troca de informações sobre a vida alheia: as fofocas são disseminadas como o vento, são amplamente propagadas em conversas de bonde. Tal realidade vê-se abruptamente transformada com a crise do comércio. O capitalista Francisco Teodoro faz um investimento arriscado e põe toda sua riqueza a perder, levando-o depois ao suicídio. Sua família, desmantelada, passa a depender da ajuda de parentes. E a protagonista Camila, agora viúva e empobrecida, vê-se obrigada a começar uma nova vida no trabalho, a despeito de não ter qualquer capacitação e experiência no labor. O triste fim da protagonista dá margem à “crítica social” da escritora carioca. Uma crítica lírica, resignada, conciliadora e, por isso, aclimatada ao espírito do seu tempo. Fosse talvez um pouco diferente, e Lopes teria tido a mesma triste sorte de Lima Barreto. https://causaoperaria.org.br/2024/a-literatura-de-julia-lopes-de-almeida
Postado 3 de Janeiro de 2024 1 ano NOTÍCIAS LITERATURA 3/1/1892: 132 anos do nascimento de J. R. R. Tolkien Escritor inglês foi um dos principais nomes da literatura fantástica John Ronald Reuel Tolkien, mais conhecido como J. R. R. Tolkien, nasceu em 3 de janeiro de 1892, em Bloemfontein, na África do Sul. Filho de Arthur Reuel Tolkien e Mabel Suffield, Tolkien passou grande parte de sua infância na Inglaterra após a morte de seu pai. A influência da natureza e da língua inglesa teve um papel crucial em sua formação e, posteriormente, em seu trabalho como escritor. Tolkien estudou na King Edward’s School, onde desenvolveu um interesse precoce em línguas clássicas, literatura e mitologia. Mais tarde, frequentou o Exeter College, em Oxford, onde se destacou em estudos clássicos e linguística. Sua paixão por línguas o levou a criar várias línguas fictícias, uma habilidade que desempenharia um papel central em suas obras mais tarde. Durante a Primeira Guerra Mundial, Tolkien serviu como oficial nas Forças Armadas Britânicas e testemunhou os horrores da guerra, experiência que influenciou profundamente suas visões sobre a humanidade. Após a guerra, ele retornou a Oxford, onde se tornou professor de inglês, dedicando-se ao estudo acadêmico e à criação de suas línguas fictícias e mitologias. Uma de suas obras mais conhecidas é O Hobbit, publicado em 1937. Este livro, destinado a crianças, foi o precursor de seu épico mais famoso, O Senhor dos Anéis, que foi publicado em três volumes entre 1954 e 1955. Essa trilogia consolidou Tolkien como um dos maiores escritores de fantasia da história da literatura. O Senhor dos Anéis é uma obra vasta e complexa, ambientada em um mundo fictício chamado Terra-média. A narrativa envolvente, rica mitologia e personagens memoráveis conquistaram leitores em todo o mundo, tornando-se um clássico da literatura contemporânea. Além de suas obras de ficção, Tolkien contribuiu significativamente para a academia com trabalhos sobre filologia e literatura medieval. Seu legado se estende para além da literatura, influenciando a fantasia moderna e inspirando inúmeras adaptações cinematográficas e televisivas de suas obras. Ele faleceu em 2 de setembro de 1973, deixando um legado duradouro. https://causaoperaria.org.br/2024/3-1-1892-132-anos-do-nascimento-de-j-r-r-tolkien/
Postado 16 de Janeiro de 2024 1 ano NOTÍCIAS LITERATURA ESPANHOLA 16/1/1605: primeira edição de Dom Quixote é publicada Um dos maiores clássicos da literatura mundial surgiu no período de ápice do domínio espanhol quanto até mesmo o Brasil do império Em 16 de janeiro de 1905, foi publicada a primeira edição do clássico Dom Quixote, escrita por Miguel de Cervantes, em dois volumes em Madri, na Espanha. O título completo da obra em espanhol é El ingenioso hidalgo don Quijote de la Mancha (O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha). Ela é considerada uma das grandes obras-primas da literatura mundial e uma das primeiras novelas modernas. A trama gira em torno de um cavaleiro chamado Dom Quixote, que enlouquece de tanto ler romances de cavalaria e decide se tornar um cavaleiro andante, saindo em busca de aventuras e justiça. A escrita de Cervantes é notável por sua complexidade e profundidade. Ele incorpora uma mistura de sátira, comédia e elementos trágicos na narrativa. O personagem de Dom Quixote tornou-se icônico e é muitas vezes visto como uma representação da luta entre idealismo e realidade. O desenvolvimento de literatura pode ser ligado diretamente ao desenvolvimento econômico da Espanha naquele momento. Os Lusíadas, de Camões, teve sua primeira edição publicada em 1572, ela pode ser considera fruto da Revolução de Avis, em Portugal, que levou às grandes navegações e revolucionou também toda a cultura. A Espanha, por sua vez, não passou por um momento revolucionário como Portugal, mas estava, sim, em seu auge na época de Cervantes. Ela chegou a dominar até mesmo a Holanda e o Brasil. O desenvolvimento econômico do país pode ser ligado diretamente a sua ampla produção cultural, não somente na literatura. O sucesso da primeira parte de Dom Quixote levou à publicação de uma segunda parte em 1615, ampliando e continuando a história do cavaleiro e de seu fiel escudeiro Sancho Pança. Cervantes explorou ainda mais as complexidades do personagem principal e sua relação com a sociedade à sua volta. Dom Quixote é uma obra que transcende as fronteiras da literatura espanhola e é considerada uma obra-prima da literatura mundial. Suas reflexões sobre a natureza da realidade, da ficção e da loucura continuam a ser estudadas e apreciadas até os dias de hoje. ttps://causaoperaria.org.br/2024/16-1-1605-primeira-edicao-de-dom-quixote-e-publicada/
Postado 19 de Janeiro de 2024 1 ano NOTÍCIAS LITERATURA NORTE-AMERICANA 19/1/1809: 215 anos de Edgar Allan Poe, o ‘Mago do Terror’ Poe perdeu seus pais muito cedo: sua mãe faleceu quando ele tinha apenas dois anos, e seu pai abandonou a família pouco depois Edgar Allan Poe foi um dos mais notáveis escritores norte-americanos do século XIX, nascido em Boston, Massachusetts, em 19 de janeiro de 1809. Sua vida foi marcada por tragédias, algo que foi retratado em suas obras góticas e macabras que o tornaram uma figura importante na literatura mundial. Poe perdeu seus pais muito cedo: sua mãe faleceu quando ele tinha apenas dois anos, e seu pai abandonou a família pouco depois. Ele foi adotado pelos Allans, uma família abastada de Richmond, Virgínia, que o educou, mas com quem ele teve uma relação tumultuada ao longo dos anos. A carreira literária de Poe começou em 1827, quando ele publicou seu primeiro livro de poemas, Tamerlane and Other Poems. No entanto, foi com contos como The Fall of the House of Usher e The Tell-Tale Heart que ele se destacou no gênero gótico e do conto macabro. Seu estilo literário único combinava elementos sombrios, melancolia e uma habilidade para criar atmosferas intensas. Em 1835, Poe casou-se com sua prima Virginia Clemm, que tinha apenas 13 anos na época. A morte precoce de Virginia, em 1847, foi um golpe devastador para Poe, intensificando sua melancolia e afetando profundamente sua produção literária. Poe também trabalhou como crítico literário e editor, contribuindo para diversas revistas e jornais da época. Sua crítica e suas opiniões polêmicas fizeram dele uma figura controversa, mas também uma voz relativamente respeitada no cenário literário. Algumas de suas principais obras incluem: “The Raven” (O Corvo) – Um poema narrativo que se tornou uma de suas obras mais famosas, explorando temas de luto e perda; “The Tell-Tale Heart” (O Coração Delator) – Um conto macabro que examina a psique de um narrador perturbado, revelando sua crescente insanidade; “The Fall of the House of Usher” (A Queda da Casa de Usher) – Um conto gótico que explora temas de decadência, isolamento e loucura; “The Masque of the Red Death” (A Máscara da Morte Vermelha) – Uma história sobre a inevitabilidade da morte; “Annabel Lee” – Um poema romântico que aborda o tema do amor eterno e da morte prematura; “The Pit and the Pendulum” (A Cova e o Pêndulo) – Um conto que descreve os horrores enfrentados por um prisioneiro durante a Inquisição Espanhola; “The Murders in the Rue Morgue” (Os Assassinatos da Rua Morgue) – Considerado o primeiro conto de detetive moderno, apresenta o personagem C. Auguste Dupin resolvendo um misterioso assassinato; “Ligeia” – Um conto que explora temas de morte e ressurreição, com elementos sobrenaturais e misteriosos; “The Black Cat” (O Gato Preto) – Um conto sobre culpa, loucura e a relação entre um homem e seu gato preto; “The Cask of Amontillado” (O Barril de Amontillado) – Uma narrativa de vingança que culmina em um final surpreendente e sinistro; Ao longo de sua vida, Poe enfrentou desafios financeiros e teve períodos de instabilidade emocional. Ele faleceu em circunstâncias misteriosas em 7 de outubro de 1849, aos 40 anos, em Baltimore. A causa exata de sua morte permanece incerta, alimentando especulações e teorias ao longo dos anos. https://causaoperaria.org.br/2024/19-1-1809-215-anos-de-edgar-allan-poe-o-mago-do-terror/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=19-1-1809-215-anos-de-edgar-allan-poe-o-mago-do-terror
Postado 18 de Fevereiro de 2024 1 ano NOTÍCIAS PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA De onde vem o PCO: saiba com novo livro em pré-venda Livro “A Luta Por Um Partido Revolucionário Dentro do PT: Documentos e artigos do Jornal Causa Operária de 1979 a 1990” tem sua pré-venda anunciada e conta história do PCO no PT Olivro A Luta Por Um Partido Revolucionário Dentro do PT: Documentos e artigos do Jornal Causa Operária de 1979 a 1990 já se encontra em fase de pré-lançamento. A obra, das Edições Causa Operária, ilustra a trajetória da ruptura dos militantes do que viria a ser o PCO (Partido da Causa Operária) com a OSI (Organização Socialista Internacionalista), que se afastam da organização e fundam, em junho de 79, a TTB (Tendência Trotskista Brasileira), tendência essa que decide ingressar no Partido dos Trabalhadores (PT) e lutar por um partido revolucionário. É neste momento que irá surgir a tendência Causa Operária, posterior Partido da Causa Operária. O livro remonta, através de debates e campanhas na época retratadas tanto pela imprensa da TTB, quanto pela imprensa da tendência Causa Operária, cujo Partido hoje tem o jornal mais antigo em circulação na esquerda, o Jornal Causa Operária, a história da trajetória do grupo marxista revolucionário dentro do PT e sua luta por um partido que atendesse às demandas da classe trabalhadora, adotando como seu programa o programa revolucionário: o programa para a fase de transição do capitalismo para o socialismo. Em 1980, com o ingresso no PT dessa geração militante formada na luta das greves operárias, a TTB se tornou a fração trotskista e revolucionária do PT, passando a ser conhecida pelo nome do seu jornal, Causa Operária, que teve no mesmo ano sua I Conferência Nacional organizada, centrada nas greves do ABC. No livro A Luta Por Um Partido Revolucionário Dentro do PT: Documentos e artigos do Jornal Causa Operária de 1979 a 1990, temos acesso aos debates acerca da Conferência de altíssimo valor. O cerne do ingresso da Tendência Trotskista Brasileira no PT vem do entendimento de que o partido, naquele momento, abria a possibilidade de organização de um partido operário de enormes proporções, evento que apontava a necessidade de uma enérgica intervenção da vanguarda revolucionária e consciente da classe operária nos rumos da organização desse partido, para estabelecer um programa socialista e independente, único programa que pode, livre dos compromissos organizativos e programáticos da burguesia, se firmar como partido da revolução em um momento pré-revolucionário. Não demorou para que as crises entre a tendência Causa Operária e as frações direitistas do PT começassem a surgir. Em 82, enquanto o grupo Causa Operária trabalhava para criar um amplo bloco para a esquerda do PT se organizar dentro do Partido, a ala direita se organizou de maneira muito bem estruturada como a articulação dos 113, posteriormente chamada apenas de articulação. O livro A Luta Por Um Partido Revolucionário Dentro do PT: Documentos e artigos do Jornal Causa Operária de 1979 a 1990 aborda a campanha realizada dentro do partido pelo estabelecimento desse bloco de esquerda, e de como a sabotagem da esquerda pequeno-burguesa frustrou a pretensão de que tal organização triunfasse. Não deixe de adquirir seu exemplar de A Luta Por Um Partido Revolucionário Dentro do PT: Documentos e artigos do Jornal Causa Operária de 1979 a 1990, entrando em contato com qualquer um dos militantes do Partido da Causa Operária, ou através da Loja do PCO. https://causaoperaria.org.br/2024/de-onde-vem-o-pco-saiba-com-novo-livro-em-pre-venda/
Postado 27 de Fevereiro de 2024 1 ano NOTÍCIAS ‘O Jesuíta’, de José de Alencar "A peça teatral 'O Jesuíta' foi a última obra escrita pelo escritor cearense José de Alencar enquanto dramaturgo" “Brasil! … Minha pátria! … Quantos anos ainda serão precisos para inscrever o seu nome, hoje obscuro, no quadro das grandes nações? … Quanto tempo ainda serás uma colônia entregue à cobiça de aventureiros, e destinada a alimentar com as tuas riquezas o fausto e o luxo de tronos vacilantes (Pausa; arrebatado pela inspiração) Antigas e decrépitas monarquias da velha Euroopa! … Um dia compreendereis que Deus quando semeou com profusão nas entranhas desta terra o ouro e o diamante, foi porque reservou este solo para ser calcado por um povo livre e inteligente” (ALENCAR, José de. “O Jesuíta”). A peça teatral “O Jesuíta” foi a última obra escrita pelo escritor cearense José de Alencar enquanto dramaturgo. Foi redigida em 1861 e apenas encenada no ano de 1875, quando o autor já apresentava os primeiros sinais da tuberculose pulmonar que o levaria à morte em 12 de dezembro de 1877. Consta que o espetáculo não foi um sucesso de público e não obteve os aplausos da crítica. Na opinião do próprio autor, externada no prefácio da obra, o fracasso de sua peça decorreu da sua inadequação perante o mau gosto do público fluminense: “É que o público fluminense ainda não sabe ser público, e deixa que um grupo de ardílios usurpe-lhe o nome e os foros. Se algum dia o historiador de nossa ainda nascente literatura, assinalando a decadência do teatro brasileiro, lembrar-se de atribui-la aos autores dramáticos, este livro protestará contra a acusação”. Na verdade, essa incompatibilidade entre o drama e o público carioca decorria de mudanças no âmbito do pensamento e da cultura: já em 1875 o público letrado fluminense já era mais afeito ao anticlericalismo, ao passo que a peça é um elogio à atuação da Companhia de Jesus e dos jesuítas. Além disso, o gosto teatral deixava de ter apelo ao drama e se voltava ao teatro musicado, de gênero alegre, de influência francesa. O público buscava o teatro cada vez mais para fins de entretenimento e diversão, e aquele drama histórico, que abordava os instantes imediatamente anteriores à expulsão dos jesuítas, já aparecia anacrônico naquele momento. A história contada em “O Jesuíta” se passa no Rio de Janeiro de 1759 ou mais exatamente quatro anos antes da transferência da sede administrativa da colônia de Salvador para o território fluminense, movimento político que acompanhou de forma paralela o movimento econômico de deslocamento do eixo econômico do Brasil dos engenhos de açúcar nordestinos para a busca pelo ouro e diamantes na porção sul meridional da colônia. Tratava-se de um processo de longa duração de interiorização da colonização portuguesa, dentro do qual o Rio de Janeiro servia como um empório natural do comércio, especialmente de escravos, e centro político que servia de anteparo e ponto de partida ao movimento em direção às minas gerais. Tanto a transferência da sede do vice reinado ao Rio de Janeiro quanto a expulsão dos jesuítas se deram no bojo das reformas administrativas levadas a cabo pelo plenipotenciário ministro e estadista português Marques de Pombal. Influenciado pelo iluminismo e pela ideologia política do despotismo esclarecido, o ministro do Rei Dom José I promoveu a expulsão dos jesuítas da colônia portuguesa em 14 de novembro de 1759, o que se deu após uma série de entrechoques entre a Companhia de Jesus e as autoridades régias: os jesuítas administraram as aldeias através das missões jesuíticas, sendo, desse modo, um obstáculo aos interesses dos colonos de explorar, sem restrições, o trabalho dos povos nativos, o que se deu de forma particularmente intensa na região do norte, onde a mão de obra africana era menos significativa. Contudo, o mais conhecido conflito que opôs os jesuítas e as autoridades régias se deu nas conhecidas guerras guaraníticas ao sul da colônia, quando as Coroas Portuguesa e Espanhola estabeleceram um novo acordo de demarcação territorial através do Tratado de Madrid de 1750. De acordo com os novos limites territoriais estabelecidos na convenção, os portugueses cederiam a região de Sacramento, onde hoje se situa o Uruguai, para a Espanha e, em troca, controlariam os Sete Povos das Missões, que correspondia a um conjunto de sete aldeamento indígenas presididos pelos jesuítas que, no seu auge, comportava 30 mil pessoas, situado onde hoje está o Rio Grande do Sul. Pelo tratado, os indígenas e jesuítas que estavam do lado brasileiro deveriam atravessar o Rio Uruguai e se mudar para o lado espanhol. Foi justamente a recusa dos índios e da parcela mais combativa dos missionários em atender a ordem de evacuação forçada o ponto de partida de uma guerra que durou três anos, levou à destruição das missões e à morte de milhares de índios e religiosos. Na peça “O Jesuíta”, o escritor faz do seu drama um retrato desse período histórico, quando os portugueses passam a acusar a Companhia de Jesus de corrupção e conspiração contra o Rei, o que foi na verdade um pretexto para expulsá-los do país. O protagonista Samuel vive na cidade do Rio de Janeiro disfarçado de um médico italiano para não despertar a atenção das autoridades, que já estavam em processo de perseguição dos missionários. Esta oposição entre os jesuítas e as autoridades régias apareça na peça como uma forma embrionária de luta pela afirmação da independência nacional e pela superação do jugo colonial. Isto se dava essencialmente pelo papel social ocupado pelo jesuíta, um elemento nobre, racional e prudente, que renega os sentimentos mundanos e rompe os laços que o prendem à sociedade para se dedicar a uma missão lhe designada por Deus. Perseguido pelo Conde de Bobadela, governador na colônia e executor das ordens de Marquês de Pombal, o protagonista granjeia o respeito e admiração do povo, de modo que a sua perseguição pelas autoridades dá ensejo à maior clivagem e oposição entre a população nativa e a Coroa Portuguesa. Além disso, a personificação do movimento de independência nacional na figura do jesuíta Samuel era possível pelo papel social ocupado pelos religiosos da Companhia de Jesus na colônia. Eles foram os pioneiros da educação do país, criaram as primeiras escolas, onde ensinaram moral, religião e letras. Constituíram as primeiras expressões nacionais de teatro, poesia e músicas. Foram os precursores da intelectualidade brasileira e, como cediço, um movimento político nacionalista não poderia nascer sem um movimento intelectual que lhe servisse de substrato. Mas não é só. O jesuíta representava a consciência do povo já que através da sua atividade religiosa e até mesmo pelos segredos que escutavam no confessionário tinha contato e conhecimento do clima político da época e do que pensava a opinião público. A isso se soma, ao menos na peça de Alencar, outros atributos que o colocavam como artífices da independência brasileira: eles tinham o senso de responsabilidade, o sentimento do dever, a capacidade de distinguir o bem e o mal. Já as autoridades régias aparecem como antipopulares e corruptas: a perseguição e prisão dos missionários é acompanhada de atos de extorsão e roubo dos recursos e riquezas da Igreja, arrecadados para o cuidado dos doentes e dos órfãos. Nesta peça histórico, o Dr. Samuel representa a alma da jovem américa. Já o Conde de Bobadela representa o poder da velha Europa. E além dessa oposição entre nacionalismo e colonialismo, a história, dentro das premissas do romantismo literário, também estabelece a oposição entre o sublime e o mundano, entre os desígnios da ideia e às exigências do corpo e do amor, entre a renúncia de si para obtenção da glória religiosa e a busca da felicidade através do casamento. Isso se dá através do personagem Estevão, afilhado do Dr. Samuel, que teve sua formação moral e religiosa conduzida para o sacerdócio e que nega sua vocação após apaixonar-se por Constância, esta última afilhada do Conde de Bobadela. O engajamento religioso e a luta desinteressada em torno da liberdade e independência nacional envolvem a glória a que busca o protagonista Samuel. Já o seu afilhado vê no casamento e na tranquila felicidade conjugal a sua verdadeira vocação. Essa tensão levará ao conflito em que prevalecerá o amor terreno entre Estevão e Constância em detrimento do ideal religioso e ascético buscado por Samuel. Esta última peça de teatro pode ser lido como uma síntese de duas variantes presentes na obra de José de Alencar: o drama histórico pelo qual se busca a constituição de uma identidade nacional, personificada aqui na figura do Jesuíta, tal qual anteriormente o fora através do índio em comunhão com o português; e o drama de natureza mais sentimental, folhetinesco, convencional e, em certa medida, previsível. https://causaoperaria.org.br/2024/o-jesuita-de-jose-de-alencar/
Crie uma conta ou entre para comentar