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Curiosidades CH

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Transformações da vila do Chaves:

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Em qual episódio vc pegou a cena onde mostra a vila de 1973?

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Em qual episódio vc pegou a cena onde mostra a vila de 1973?

Não, achei em uma página CH no Facebook!

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Não, achei em uma página CH no Facebook!

Ficou bem legal.

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Em qual episódio vc pegou a cena onde mostra a vila de 1973?

"O surto de catapora".

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  • Este é um post popular.

Chespirito fala sobre quadros de seu programa antes de Chaves e Chapolin e sobre a saída de Ruben Aguirre, ainda antes dos programas Chaves e Chapolin:

" Além do Chapolin Colorado, o programa (Chespirito) contava com outros sketches de vários estilos, entre os quais começava também a se destacar um intitulado Los chfladitos que, como o nome indica, tinha como protagonistas dois loucos. Estes se chamavam Lucas Tañeda e Chaparrón Bonaparte, e os intérpretes éramos Rubén Aguirre e eu, respectivamente. E apesar de que o sketch não alcançava o enorme impacto do Chapolin, era um estupendo complemento na série... até que se apresentou a adversidade em forma de um contrato que ofereceram a Rúben Aguirre para trabalhar em um programa de competência:
- Que posso fazer?- me perguntou Rúben-. A oferta é tentadora por todos os lados. Eu seria o titular do programa e meu salário estaria muito acima do que tenho aqui com você. Além disso se trata do Canal 2!!!
-Eu acredito que você mesmo tem a resposta, não?
-Pois, digamos que sim. Mas tenho um compromisso com você e com o programa.
Era uma bonita manifestação de lealdade e ética profissional por parte do meu companheiro e amigo. E estava claro que eu deveria responder com as mesmas virtudes, de modo que disse:
-Aceite a oferta e oxalá que você vá estupidamente bem. Mas se por acaso não chegar a suceder isso ou se houver algo que não caminhe com sua satisfação, já sabes que aqui você encontrará as portas abertas a todo momento."

Chespirito fala sobre a saída de Carlos Villagran:

" Um dia, aos final de 1977, Carlos Villagrán me havia dito que queria tratar comigo um assunto muito importante, para o qual me convidou ao Vip´s de Insurgentes e Altavista.
-Eu estive pensando a fundo- me disse quando estivemos ali-, e eu cheguei a conclusão de que já é tempo de que eu encabece meu próprio espetáculo, para o qual, claro, necessito separar-me do grupo.
A decisão era de esperar-se, pois as últimas viagens ao exterior, sobre tudo em Chile e Venezuela, o haviam dado a provar de maneira substanciosa o mel da fama. É verdade que os méritos correspondiam basicamente ao trabalho realizado em grupo, mas mais de um espectador havia incentivado seu ego dizendo-lhe que ele era a pedra angular do edifício, de modo que sua decisão era irrevogável. E de qualquer maneira, eu pensei que o assistia o lógico direito de superação pessoal que tem todo indivíduo, de modo que aceitei sua proposta desejando-lhe a melhor das sortes.
-Mas é que eu queria seguir atuando como Quico- completou-. Ou seja, falando com as bochechas inchadas e tudo isso. De modo que eu gostaria de contar com sua autorização para faze-lo.
-Conta com ela- respondi.
Carlos não só me agradeceu sinceramente pelas oportunidades com que eu o havia brindado, mas também, me pediu que lhe dera conselhos que eu considerasse pertinentes.
-Somente vou te dar um- lhe disse-: Quico é um personagem que pode te dar grandes satisfações e os triunfos correspondentes, mas não se limite a ele. O falar com as bochechas inchadas resulta muito engraçado, mas o excesso pode ser terrivelmente perigoso. Por tanto, dosifíquelo: combine-o com outros personagens que você mesmo possa criar.
-Assim eu farei!- me disse com entusiasmo- E muito obrigado!
Um caloroso abraço colocou ponto final no breve encontro.
Mas creio que Carlos não seguiu o conselho ao pé da letra."


Chespirito comenta a morte de Raúl Padilla, Ramón Valdés e Angelines Fernández

"Alguns parágrafos mais acima falava eu das faltas de respeito que cometem alguns atores; mas creio que devo ressaltar a quem foi exemplo preciso do contrário durante toda sua trajetória artística, seja no teatro, no cinema, na televisão ou no que for. Isso é, de quem se distingüiu, entre outras coisas, por uma conduta impecável, de absoluta honrades e entrega das tarefas determinadas, de respeito total com seus companheiros, com o público e com sua profissão. Me refiro a Raúl el Chato Padilla.
Não era possível, por exemplo, lembrar de uma só ocasião em que Chato tivesse chegado tarde a um chamado de teatro, de cinema, de televisão, ou do que fosse. Se dava por feito que levava memorizadas as falas que lhe correspondiam. É claro, jamais obstaculizava a atuação ou o desempenho artístico de seus companheiros. E se fosse pouco, Raúl fazia gala de um estoicismo que muitas vezes chegava ao incrível, como na vez em que realizou a interpretação impecável do delicioso Gepeto em Títere, apesar de que, recém começado o espetáculo, havia sofrido um acidente de proporções consideráveis. A representação tinha lugar em um teatro da província, cujos caminhos tortuosos eram obviamente desconhecidos de nós, quando nosso companheiro teve a má sorte de cair em uma "armadilha" cuja localização não estava advertida por sinal algum, o qual lhe provocou fortes e dolorosas feridas. Mas foi só com o espetáculo acabado que nos enteramos do acidente sofrido por Chato, pois este havia continuado com sua atuação como se nada nada tivesse acontecido. Foi um dos técnicos que trabalhavam conosco que comentou o fato, pois havia sido a única testemunha do ocorrido. Mas na perna de Raúl havia um outro testemunho: a impressionante e enorme dilaceração que sangrava profundamente.
Poucos anos depois (em 1992, para ser preciso) meu filho Roberto me ligou no telefone em casa para dár-me a triste notícia de que el Chato Padilla acabava de falecer vítima de um ataque cardíaco. Foi uma perda irreparável, mas não só para o nosso programa, se não para todo o ámbito da arte dramática no México. O mesmo se pode dizer de sua encantadora esposa, Lilí Inclán, ainda que a partida dela seria três anos depois de começado este terceiro milênio.
Ramón Valdés tinha morrido anteriormente, mas o falecimento aconteceu quando Ramón tinha tempo que havia se desligado do programa. Por tanto Chato foi o primeiro membro ativo do nosso grupo que empreendia a viagem sem regresso, o qual representava o adeus de uma multidão de personagens que ele interpretou magistralmente, entre os quais se faz inevitável destacar o delegado Morales, o correto, sofrido e tolerante agente do Ministério Público que soube suportar e encaminhar pelo bom caminho ao Botija e ao Chómpiras, ao tempo que dava indulgência diante dos desatinos da Chimoltrufia. E claro está, também se faz necessário destacar o delicioso Jaiminho o carteiro, o aborrecido porém adorável velhinho que sofria as travessuras e imprudências do Chaves e dos amigos que o acompanhavam. E o mais provável é que para Jaiminho o carteiro, morrer havia sido uma forma de "evitar a fadiga".
Meses depois, no final do mesmo 1992, também faleceu Angelines Fernández, a estupenda atriz que durante muitos anos havia feito parte do nosso grupo e que, como sinalei linhas acima, levava algum tempo de suportar uma enfermidade que a impedia de atuar. Angelines interpretou muitos personagens que deixaram ampla e positiva marca na memória dos telespectadores, como Dona Nachita, a sofredora vizinha da Chimoltrufia, e a deliciosa Bruxa do 71, que tanto brilhou entre os moradores daquela comunidade da qual todo mundo dizia: "Que bonita vila....é a vila do Chaves!" (Qué bonita vecindad...es la vecindad del Chavo!)."

Trechos do Capítulo 3
Um capítulo bem interessante. Temos Chespirito "conhecendo" as garotas, sua mãe passando por dificuldades, Chespirito falando de seus professores (fala até de escritores que um deles apresentou a ele Homero, Ésquilo, Shakespeare, Calderón de la Barca, Lope de Vega, Moliere, Miguel de Cervantes- só escritor excelente, os melhores da literatura mundial).
Traduzirei dois trechos, um do dia em que Chespirito estreou no futebol e o dia de uma difícil operação pela qual ele passou:

***


Entretanto, enquanto estava no secundário, fui convidado a jogar nas forças infantis da equipe Marte, de futebol, aonde tive a enorme fortuna de participar em várias preliminares efetuadas no campo Asturias, que era o máximo cenário do popular esporte. E minha primeira preliminar foi em um jogo noturno, pois o Asturia era, no México, o primeiro campo que tinha iluminação artificial. Aquele encontro foi com o poderoso Espanha, que derrotamos por um a zero, mediante um gol que eu tive a fortuna de fazer. E posso assegurar que no transcorrer da minha vida eu tive a sorte de experimentar as grandes satisfações que produzem os aplausos...mas poucas como aquela em que fui aplaudido ao tempo em que respirava o insuperável aroma que se desprende de uma grama quando é acariciada por 44 sapatos de futebol. (Entre os jogadores daquele Clube Espanha juvenil, por certo, figurava o excelente amigo José Luis Lamadrid, que chegaria a ser centro avante da seleção Mexicana de 1954, aonde foi o autor do primeiro gol anotava algum jogador do nosso país em todos os mundiais efetuados na Europa. José Luis lembra a anedota daquele gol anotado por mim no campo Asturias, e tem a gentileza de evocár-lo cada vez que tem oportunidade.

***



-Encoste-se aí chaparrito- disse meu tio Gilberto, o doutor, com esse tom de carinho que usava sempre que se dirigia a mim.
Estávamos na enfermaria do Hipódromo das Américas, instituição cujos serviços médicos estavam a cargo do meu tio faziam vários anos. Claro que o normal havia sido que em vez de mim estivesse aí algum dos tantos jockeys que atendia durante as acidentadas corridas de cavalos, mas dada a casualidade de que era a mim a quem deveria praticar uma circuncisão.
Me havia examinado antes e havia dito:
-Esse pizarrín está pedindo a gritos queo liberem da pele que o cerca. Se chama prepúcio. E se fosse judeu tinham te cortado aos poucos dias de nascido e não agora que tens 17 anos.

(...)


-A anestesia vai ser local- disse meu tio-. Somente uma injeção. Mas antes deverá barbear-se.
Esta última declaração me desconcertou bastante pois eu não tinha muita barba que digamos. Mas o desconcerto se acrescentou até o máximo quando soube a que zona se havia referido com isso de "barbear". E mais quando me dei conta de que quem se dispunha a executar a tarefa era nada menos que a bonita enfermeira que auxiliava meu tio. Então, para poder ensaboar de um lado, a mulher teve que afastar delicadamente o que estorvava. E eu não podia ver se suas femininas mãos estavam cobertas por luvas , mas de qualquer maneira eu sentia o que ela estava fazendo, de modo que não pude evitar que meus hormônios funcionassem (isso eu entendo agora) ordenando a meu cérebro que enviasse a remessa de sangue que precisava o ilustre membro para erguer-se como evidente testemunho de sua masculinidade. (O qual demonstra que não existe Viagra nem nada parecido que possa competir com uma enfermeira bonita.)

(...)


Capítulo 4- resumo:
Neste capítulo temos Chespirito jogando futebol, lutando boxe e saindo com seus amigos para caçar. Também temos Chespirito voltando da caçada e "caçando" uma namorada, e Chespirito conhecendo sua primeira esposa Graciela.
Traduzo aqui dois trechos. Um do encontro de Chespirito com uma moça, na volta da caçada. E depois um trecho de como Chespirito conheceu Graciela:

***


-Se você está muito cansado- me disse María da Luz-, que tal melhor se vamos ao cinema? Passam um filme do Pedro Infante que tenho muita vontade de ver.
Não teve-me que sugerir duas vezes, de modo que em dois minutos estávamos na porta do cinema, aonde se apresentou um novo problema: eu não tinha nem cinco centavos para comprar os ingressos.
-Mas não nos vai custar nada- me disse ela quando a coloquei a par de minha situação financeira-. Uma prima minha é quem pega os ingressos.
-É que não tenho nem sequer para comprar pipoca- esclareci para evitar vergonhas posteriores.
-Pois ficamos sem pipocas- respondeu ela-. Além do mais: eu não gosto de pipocas nem de nada disso. O que eu gosto é de Pedro Infante e esse é um filme dele.
Assim, entramos no cinema sem mais rodeios. Sentamos em uma das últimas filas, aonde reinava a mais acolhedora das penumbras, e minutos depois minha mão caia sobre o ombro de María da Luz. Para mim havia parecido muito original e atinado o pretexto de que o que ela gostava era de Pedro Infante, de modo que me dispuz a dar-lhe o que seria uma boa seqüência de beijos... até que me dei conta de que aquilo não havia sido um pretexto, mas, efetivamente, ela gostava do Pedro Infante. Se emocionou e chorou quando o ator apareceu na tela, morreu de rir cada vez que Pedro disse algo simpático e se estremeceu até chorar com cada uma das canções que interpretou o galã.
Uma vez terminado o filme, María da Luz se voltou para mim, me olhou sorrindo com doçura e beijou minha boca amorosamente. Por um momento eu permaneci estático, entre desconcertado e tonto, até que ela me disse:
-E agora tenho que ir, porque na saída minha prima vai estar com minha tia , que vem pegar ela. Mas antes deixa eu faalr algo para você- falou olhando-me outra vez fixamente-: te prometo que de hoje em diante você estará no meu pensamento imediatamente depois do Pedro Infante.
Era um afago. Eu juro! Porque, vamos, não é pouca coisa ocupar o segundo lugar em um campeonato aonde o líder é o ídolo do México.
(...)

***



Quando conheci Graciela, ainda faltavam uns dias para fazer 15 anos, enquanto eu já resvalava nos 22. Portanto, naqueles momentos eu estava muito longe de imaginar o muito que aquela moçinha chegaria a significar na minha vida. No entanto, seu cabelo castanho claro, seu rosto docemente bonito, sua compleição delgada e sua estatura (ligeiramente mais baixa que eu) faziam dela algo que podia qualificar-se como meu ideal de mulher. Por outro lado, para mim foi uma surpresa saber qual era sua curta idade, pois naquele tempo ela já levava tempo trabalhando em um banco, para o qual teve que fingir que tinha alguns anos mais. E tal fingimento havia sortido efeito, inclusive comigo.
O namoro surgiu quase casualmente, pois antes, quando tinhamos muito pouco tempo de conhecermos, eu lhe havia pedido que fosse minha noiva e ela me disse que não, mas ao dar-se conta de que eu encolhi os ombros com gesto de resignação, ela se apressou a declarar:
-Mas o último que morre é a esperança.
Portanto, muito pouco tempo depois insisti no mesmo. Essa vez o cenário era uma sorveteria que começava a ficar famosa na colônia Del Valle, e segundo me confessou a mesma Graciela tempos depois, também naquela ocasião esteve a ponto de dizer-me que não, mas deu a casualidade de que nesse preciso momento ia chegando a sorveteria aquela namorada que eu havia tido anteriormente, a Cucus, motivo suficiente para que Graciela mudasse de opinião e me dissesse que sim. E estou seguro de que nenhum dos dois imaginou que a relação duraria muito tempo.
(...)

***


Capítulo 6
A agência de publicidade se mostrou vivamente interessada em que continuasse o programa Cómicos y Canciones ainda que sem Viruta, o que aconteceu sem problemas.
O projeto incluía o escritor, que era eu. E a verdade é que não era difícil a elaboração dos roteiros, pois Capulina seguia fazendo uso daquilo que para muitos era uma graça natural. Além disso buscou-se apoiár-lo com elencos de qualidade, como poderá deduzir-se ao saber que durante um mês compartilhou o set de televisão com a mundialmente famosa Gina Lollobrigida, estrela do cinema italiano que havia participado em grandes produções cinematográficas. Naquela ocasião , por certo, a célebre atriz me fez objeto de um elogio que me inchou de orgulho, pois me disse textualmente: “Você é um grande escritor e um grande ator”. Esse último porque tive um pequeno papel em um dos programas que ela participou.
O êxito de Capulina não havia sido gratuito, como insinuavam alguns de seus detratores, pois tinha grandes dotes de ator, cantava estupendamente , possuía um enorme serenidade no cenário e complementava tudo isso com a graça natural que já falamos. Sem embargo, algumas vezes sofria por esse pequeno receio que mostram muitos comediantes quando seus companheiros arrancam gargalhadas do público.
-Por que escreves para que fulano diga (ou faça) piadas?- me disse Capulina mais de uma vez- . Aqui o que deve fazer rir sou eu, e por tanto, devo ser o único que faça piadas no programa.
Eu tentava explicar-lhe o risco que pode implicar uma tática semelhante, mas meus esforços fracassavam todas as vezes, o que me fazia concluir algo que nesses momentos não passava de uma total utopia: “Se alguma vez chegasse a ser titular de um programa- pensava ( e nessa suposição radicava a utopia)-, faria todo o contrário. Isso é, buscaria ser acompanhado pelos melhores comediantes, de modo que todos oferecessem algo ao programa.”
Passado o tempo a utopia se converteria em realidade, pois cheguei a ser ator titular de vários programas. E me orgulha saber que cumpri meu prognóstico ao pé da letra, como pode constatar qualquer um que tenha de alguma maneira seguido minha carreira. Mas, além disso, confesso que o fiz por conveniência própria, já que com isso conseguia dois objetivos altamente benéficos: enriquecer o conteúdo do programa e diminuir a possibilidade de que minha presença chegasse a molestar o público. Por exemplo:
- No último programa do Chaves- me reclamava alguém- quem menos tempo esteve em cena foi o próprio Chaves.
- Porque a trama exigia outra coisa- respondia eu. E perguntava a minha vez -: Mas de todos modos você se divertiu?
- Ah, claro!- era a resposta corriqueira.
Em outras ocasiões poderia suspeitar que os comentários implicavam uma forma de agressão:
- A mim- dizia alguém- o que mais me faz rir é o Quico.
- A mim- dizia outro- quem me faz rir é a Chiquinha.
- A mim, Seu Madruga.
- A mim, a Chimoltrufia.
Etcétera, etcétera.
Ainda que não faltava alguém que gostava do próprio Chaves, do Chapolin Colorado, do Chómpiras ou qualquer outro personagem interpretado por mim, mas em resumo, do que gostavam era do programa. E isso era o importante. (Págs. 163- 165)

***
Se intitulava El Hotel de Kippy e seria estrelado por Kippy Casado, obviamente. A acompanhava Luis Manuel Pelayo, outro grande comediante. No programa piloto deveria aparecer também um velhinho malandro que falecia no transcorrer da trama, papel que havia sido feito para outro estupendo ator de comédia: Arturo Cobos, “Cobitos”. Mas este nunca chegou na gravação do piloto. Então, tal como havia ocorrido em um programa de Cómicos y Canciones, me pediram que saísse ao resgate, o que atendi de bom agrado. E a mostra resultou tão boa, que o cliente (Colgate- Palmolive) se apressou a dizer que seria o patrocinador da série.
- Mas terá que fazer uma modificação- disse o executivo da firma.
Eu havia chegado um pouco tarde a reunião aonde se comentava isso, de modo que não entendia o que passava. E protestei dizendo:
- Perdoem-me, mas eu sou o escritor. E opino que assim está bom.
- De acordo- disse o mesmo executivo- , mas nos parece que o papel do velhinho é estupendo, de modo que queremos que ressuscite o personagem.
O melhor de tudo era que, devido caracterização, não me haviam reconhecido, de modo que o elogio resultava absolutamente sincero. Logo, quando souberam que eu mesmo havia sido o ator que interpretou o personagem, aumentaram os elogios e o interesse por levar a cabo o que haviam sugerido. E a mim me encantou a idéia, é claro, dado que, além disso, seria muito fácil escrever um segundo capítulo no qual explicasse que o falecimento do velhinho havia sido fingido, ou qualquer coisa do tipo. Portanto me coloquei a trabalhar imediatamente.
O primeiro que fiz foi encarregar a elaboração de uma peruca de ancião no meu tamanho, o mesmo que uns bigodes, também brancos. Logo comprei uns óculos antigos que estavam como se fossem mandados fazer... e muito pouco depois se derrubou todo o projeto.
Sucedeu que, quando apenas estavam escritos um par de capítulos, Kippy Casado nos comunicou que estava grávida e que seu estado implicava grandes riscos de saúde, razão pela qual deveria permanecer em absoluto repouso até depois de haver dado a luz. (...) ( Págs.168-169)

Capítulo 7
Um capítulo um pouco triste. Nele, Chespirito fala sobre a morte de seus tios, sua mãe e de um primo seu, e ainda Chespirito passando por uma cirurgia.
Traduzo o trecho em que Chespirito fala da morte de sua mãe:

***


Como havia mencionado anteriormente, o remate desse convulsivo ano de 1968 foi o falecimento de minha mãe. O desenlace ocorreu na noite de 22 de dezembro, quando ela estava já a algum tempo hospedada na casa de meu irmão Paco, aonde haviam maiores recursos para proporciona-lhe a atenção que exigia seu lamentável estado de saúde, e ainda que todos sabíamos que o acontecimento deveria apresentar-se mais cedo ou tarde, não podemos evitar as lágrimas que rubricam esse sentimento de dor e vazio que genera o último adeus de um ser tão querido. Para nós havia sido mãe, pai, confidente, guia, mestra, conselheira e amiga inigualável. Foi sepultada na mesma tumba que guardava os restos ósseos do meu pai, falecido 33 anos antes, no Panteón Francés da cidade do México. E 32 anos depois, coincidentemente, essa mesma sepultura daria também abrigo aos restos do meu irmão Paco.

Capítulo 8
Chespirito fala sobre a gravação do seu programa Ciudadano Gómez e da elaboração de um programa para inauguração do canal 8. Traduzo o trecho sobre o programa Ciudadano Gómez.

***
O primeiro que me encarregou foi que escrevesse uma série humorística na qual o protagonista fosse um desses tipos que se metem em tudo para defender aos mais necessitados. Então escrevi o primeiro capítulo de uma série a qual coloquei o título El Ciudadano. (...) Me responderam que serviria para fazer um casting. (...) Todos que fizemos o teste interpretávamos o papel do cidadão, contando (também todos) com o auxílio de Rubén Aguirre como contraparte, de modo que posso dizer que aquela foi a primeira ocasião em que Rubén e eu atuamos juntos.(...)
E muito pouco depois já me encontrava no estúdio gravando a série, o primeiro de cujos capítulos seria aquele que havia escrito como teste. Nesse capítulo, por certo, o papel estrelar feminino ficou a cargo de uma famosa e excelente atriz de cinema, Anabel Gutiérrez, que muitos anos depois passaria a ter um lugar fixo nos meus programas como a simpaticíssima mamãe da Chimoltrufia. Se gravariam depois outros 12 programas, até completar um bloco de 13, os necessários para cobrir um ciclo de três meses. O título definitivo do programa, me disseram, devia completar-se com um sobrenome do Cidadão, e como deixaram a eleição a meu cargo, lhe coloquei meu próprio apelido. (...) O título completo foi por tanto, El Ciudadano Gómez. (pág. 188-189)

Capítulo 9
Chespirito fala de uma viagem feita com seus irmãos, sobre a chegada do homem a Lua, o nascimento de sua sexta filha, Paulina, a Copa do Mundo de 70, e sobre o Chapulin e Los supergenios de la mesa cuadrada.
Traduzo os trechos que falam dos dois programas:


***
(...) um dos meus espaços foi ocupado pela Mesa Quadrada, que era como uma paródia dos programas de mesa redonda. O grupo estava constituído por três “supergênios” (?) que responderiam a todas as perguntas que supostamente enviaria o público (perguntas que, obviamente, estavam redigidas por mim, igual que as respostas). E os pseudo gênios éramos Rubén Aguirre, a quem desde então batizei como Professor Jirafales; Ramón Valdés, irmão dos famosos Tin Tan e “el Loco” Valdés, ao qual coloquei o nome de “Engenhébrio “ Ramón Valdés; Tirado Alanís (em razão de que representava a um bêbado); e eu, com o nome e as características do doutor Chapatín, para o qual usei a peruca, os bigodes e tudo o que havia confeccionado para o personagem que ia fazer no El Hotel de Kippy que se havia eliminado tempos antes. Somente acrescentei algo que depois despertaria a curiosidade de mais de um telespectador: o saquinho (de papel) do doutor Chapatín.
As perguntas das supostas cartas eram lidas por Aníbal de Mar, aquele comediante cubano que havia sido companheiro do grande Tres Patines. Havia também uma secretária representada pela simpática Bárbara Ramson. Esta última, logo foi chamada pela concorrência (Canal 2) e foi substituída por uma baixinha que terminou sendo um dos pilares do meu grupo: María Antonieta de las Nieves. Depois saiu Aníbal, e María Antonieta se encarregou de ler as cartas.
Esta seção do Sábados de la Fortuna teve tanto êxito, que a empresa considerou conveniente dar-lhe a oportunidade de participar de uma série própria. Assim foi como começou o programa que durante várias semanas se chamou Los Supergenios de la Mesa Cuadrada e que logo adquiriu o título de Chespirito. (pág. 197-198)
***
No programa Chespirito conservei a participação de Rubén, Ramón e María Antonieta, além de completar elencos com outros atores cuja participação era eventual. E todo andou muito bem, mas unicamente durante um par de semanas mais, pois então tomei uma decisão que não só era altamente surpreendente, se não que, na opinião de todo mundo, constituía a pior das besteiras: era a decisão de eliminar La Mesa Cuadrada. Isto, é claro, gerou os comentários mais diversos:
- Mas se é o sketch que motivou a empresa para dar-nos um espaço próprio!
- Está louco?
- Mas se é um sucesso!
Etcétera, etcétera.
Havia um motivo poderoso: a constituição mesma do sketch exigia que tivessem muitas piadas adequadas ao momento, de modo que havia funcionado muito bem em um programa como Sábados de La Fortuna, que se apresentava ao vivo, pois isto permitia a menção de pessoas e acontecimentos atuais, mas perdia tal característica quando o produto se armazenava durante duas ou três semanas (no mínimo) para constituir a reserva necessária de capítulos. Isso não só representava uma deficiência na atualidade, se não que, inclusive, podia gerar aspectos negativos. Como sucedeu, por exemplo, quando María Antonieta leu uma carta que dizia:
- O que opinam de Zona Roja?- um filme que havia estreado recentemente.
- Que não tem a culpa o índio, se não o que faz Fernández- respondeu um dos supergênios.
A piada reunia vários aspectos negativos. Para começar, emitia uma opinião desfavorável sobre o filme, em um espaço que não tinha direito de fazê-lo. Por outra parte, a piada se encerrava em um limitante: para entende-la se fazia necessário saber que o filme havia sido dirigida por Emilio “el Indio” Fernández, e existem grandes setores da população que ignoram essas circunstâncias. Esse limitante era ampliado ao considerar o público de outros países. Finalmente, e isso foi o pior do caso, no lapso compreendido entre a gravação do programa e a exibição deste pela televisão, Emilio Fernández teve o infortúnio de envolver-se em um acidente de trânsito que culminou quando o diretor de cinema matou com um tiro a um homem de origem humilde. Uma vez sucedido isto, imaginemos a reação de quem ouviu: “Não tem culpa o índio se não o que faz Fernández”.
-Como se atreve a caçoar- me diziam as pessoas- do doloroso acidente ocorrido com essa gente!
E tinham razão. Eu não havia feito com dó, mas sim com negligência. Difícil de prever, sim, mas negligência no fim.(...) a solução tinha que ser essa: a eliminação do sketch que nos havia dado fama. (págs. 203-205)

***

Dizem que as adversidades são produtivas. E eu creio nisso, pois como conseqüência de haver sofrido aquela adversidade (a eliminação da Mesa quadrada) surgiu a necessidade de criar algo novo que entrara em substituição do dito sketch; e então foi quando recordei daquele personagem que havia sido recusado por muitos comediantes: El Chapulín Colorado.
Inicialmente eu havia colocado outro “sobrenome” no personagem, pois eu pensava chamá-lo Chapulín Justiciero. Mas depois de haver desenhado um uniforme apropriado, me deparei com um inconveniente: a cor do uniforme. Porque eu dava por definido que, no caso, teria que ser verde. Porém, as malhas e a meia calça somente se encontravam facilmente em quatro cores: preto (demasiado fúnebre); branco (muito reflexo para a iluminação da televisão); azul (inapropriado para os truques de croma key, que já planejava utilizar); e vermelho (que também apresentaria problemas técnicos, mas então eu não sabia). De maneira que, por eliminatória, o personagem teria que usar um uniforme vermelho. Isto eu justifiquei mudando o “sobrenome” Justiciero pelo de Colorado, o qual, além disso, representava uma dupla vantagem: uma singular eufonia e uma associação com o célebre arremate dos contos: “y colorín colorado, este cuento se ha acabado”. (Isto por exemplo poderia ser outro exemplo de adversidade produtiva.) O uniforme se completaria com uma calça de banho amarela, um coração da mesma cor no peito, com as letras “CH” em vermelho, uns tênis que combinavam amarelo e vermelho e um gorro do qual surgiam um par de anteninhas como as dos insetos, mas que eu teimei em afirmar que eram de vinil (material plástico que então se usava muito na fabricação de brinquedos). No começo tinha também um par de pequenas asas, semelhante as dos insetos, mas logo optei por eliminá-las, já que não tinham utilidade alguma e sim, pelo contrário, estorvavam muito na hora de atuar.
O que eu jamais havia imaginado foi o imediato e impactante sucesso que obteria meu personagem, pois no muito haviam transcorrido duas ou três semanas de seu debute quando as pessoas já repetiam: “Não contavam com minha astúcia!”, cada vez que encontravam ocasião propicia para isso. (Que encontravam a todo momento). O Chapolin Colorado havia pronunciado a frase desde o primeiro programa em que fez ato de presença; logo iria adicionando outras muitas que não só passavam a fazer parte do vocabulário do público, senão que chegavam a ser usadas em caricaturas com personagens políticos e até na propaganda destes mesmos.(...)
O Chapolin Colorado popularizou também uma rotina que desenhei especialmente para tal personagem, mesma que consistia na combinação de dois refrães populares cuja mistura produzia um bom efeito cômico: “Não esqueça que já dizia o velho e conhecido ditado”, era a frase com a qual o Chapolin começava invariavelmente a cena, para citar a continuação as frases misturadas. Por exemplo: “A sorte da feia... amanhece mais cedo... Não”, corrigia, para logo retificar: “Não por muito madrugar... a bonita a deseja... Não”, voltava a retificar: “A bonita não deseja madrugar muito cedo... e a feia tem má sorte desde quando amanhece... Bom- declarava finalmente -; a idéia é essa”. (págs. 205-207)

Tava devendo essa, pediram pra postar e eu quis colaborar. Se eu mudei algo, foi só acentuação e pontuação, nenhuma informação eu mudei. A formatação é a que tava salva aqui nesses 3 anos. Qualquer coisa mais que eu achar aqui postarei.

Postado

" Além do Chapolin Colorado, o programa (Chespirito) contava com outros sketches de vários estilos,

Assim de cara ficou parecendo que eram outras coisas além de comédia. :P

Sketches de criminais e ficção-científica? :tonguemad:

Editado por Chambón

Postado

Conhecia a última curiosidade do capítulo 03 (Da operação)... Obrigado por trazê-las. :)

Editado por JoelJunior15

Postado

Os scketches criminais devem se referir a alguns que envolvem investigação, como muitos no chapolin.

Denada Joel, desculpa por eu não saber esconder tanto texto naquele negócio de "Mostrar conteúdo".

Postado

De que livro você pegou?

Postado

É do Sem Querer Querendo - Memórias.

Postado

Obrigado por traduzir esse trecho Diego.

Quando quiser fazer o mesmo com outros, fique a vontade :D

Postado

Million Dollar anunciando a estreia de "El Chanfle":

10150810_1421500274766466_49580281_n.jpg

Postado

Que interessante! Deve ter sido um privilégio pra poucos assistir "El Chanfle" no cinema. ^_^

Editado por JoelJunior15

Postado

Pra poucos mesmo, aquela época o cinema era muito caro, pelo menos no Brasil era assim :lol:

Postado
  • Este é um post popular.

Uma breve nota que deve interessar a alguns:

Chaves tem nota maior, no IMDB, que algumas comédias americanas, clássicas e reverenciadas, tidas como melhores..

Supera todo o top dez feito pela AFI.

1. Some Like It Hot 1959 = 8,4
2. Tootsie 1982 = 7,4
3. Dr. Strangelove 1964 = 8,6
4. Annie Hall 1977 = 8,2
5. Duck Soup 1933 = 8,1
6. Blazing Saddles 1974 = 7,8
7. MASH 1970 = 7,7
8. Aconteceu Naquela Noite 1934 = 8,3
9. The Graduate 1967 = 8,1
10. Airplane! 1980 = 7,8

Chaves 1973 = 8,7

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